sábado, abril 19, 2025

EUA dobram a aposta e a China está disposta a brigar

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Guerra tarifária

Estamos diante de uma guerra comercial e tarifária, cujos efeitos, ainda não sabemos no que vai dar, mas a depender do humor dos presidentes dos Estados Unidos e da China, as consequências podem ser devastadoras para a economia mundial. Ninguém quer ceder. Pelo contrário, estão numa briga de força onde a lei do mais forte e as imposições mais duras é que vão prevalecer. China reagiu às altas tarifas impostas por Donald Trump às importações chinesas e o presidente americano contra-atacou, aumentando os impostos, chegando a 104%. China não vai deixar barato.

Veneno

As medidas nacionalistas de Trump podem ter o efeito contrário dentro de seu próprio país, é o que analisam especialistas econômicos e de relações internacionais dos quatro cantos do planeta. Com tom protecionista, suas tarifas podem ter o efeito reverso e colocar a poderosa economia americana em risco, além de ameaçar os diversos apoios de investidores que Trump recebeu em sua eleição e início de mandato. Até o momento, às vésperas de completar três meses de mandato, ele não parece estar preocupado e desafia a quem quer que seja a questionar suas decisões.

Protecionista

Ao opinar sobre as tarifas comerciais impostas por Trump, o presidente Lula declarou que é “um cavalo de pau” na economia global e acredita que esse movimento não vai dar certo. O presidente brasileiro afirmou que o americano tenta impor um protecionismo que não cabe mais hoje no mundo e reafirmou que o Brasil está seguro para enfrentar possíveis abalos econômicos, haja vista a reserva financeira que o país possui de US$ 370 bilhões, que serviria para dar “tranquilidade” à equipe econômica em caso de crises no mercado financeiro. Os produtos brasileiros que são exportados para os Estados Unidos foram taxados em 10% por Trump no âmbito do tarifaço anunciado por ele na semana passada.

Oportunidades

Mesmo com a taxação em 10% dos produtos brasileiros por parte dos Estados Unidos, o aumento do dólar e a queda das bolsas de valores, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, está otimista que todo esse movimento econômico mundial traga benefícios a médio e longo prazos para o Brasil. “Prefiro enxergar um copo meio cheio de tudo o que está acontecendo hoje. A geopolítica está nos dando muitas oportunidades (…). Vamos encontrar soluções e aproveitar oportunidades na Europa, na China, na Índia e em outros países com quem poderemos ter relação de complementariedade, inclusive na construção civil”, disse durante a abertura do 100º Encontro Internacional da Indústria da Construção ontem (8), em São Paulo.

Otimismo

O mesmo senso de oportunidade foi apontado por nota técnica do governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), em que aponta que as indústrias da Zona Franca de Manaus (ZFM) e a economia brasileira como um todo poderão se beneficiar desse tarifaço imposto às diversas economias, principalmente aos países da Ásia. O documento revela que pelo menos três setores industriais locais poderão ter êxito: eletroeletrônicos, motocicletas e componentes técnicos.

A corda esticou

Juscelino Filho (União Brasil-MA) não é mais ministro das Comunicações. Ele entregou sua carta de demissão na noite de ontem (8), após conversar com o presidente Lula por telefone e ser instado a pedir para sair do governo. Esse era o acordo entre os dois: uma vez denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Juscelino tinha que se demitir do cargo. Ele vinha sendo acusado desde 2023 de prática de corrupção passiva na execução de emendas parlamentares quando estava como deputado federal e a denúncia foi formalizada justamente ontem pela PGR.

Apoio

Numa carta aberta, o ex-ministro agradece a compreensão do presidente Lula e do Planalto, fala em inocência e vai retomar seu mandato como deputado federal pelo Maranhão, além de ter mais tempo para se defender das acusações. O presidente nacional do União Brasil, Antônio de Rueda, também divulgou uma nota em solidariedade ao aliado, reconhece o êxito de sua gestão frente ao ministério e que “uma denúncia não equivale a culpa”. Rueda, no entanto, não deu pistas quem poderá assumir, do partido, a pasta ministerial e, se ela ainda será parte da cota do União Brasil no governo Lula.

Resistência

Embora pressionado, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) tem mantido um discurso firme em torno dos movimentos da oposição para emplacar a votação em regime de urgência do PL da Anistia. Em recente declaração, ele afirmou que o país precisa de pacificação e não de crise institucional e que a casa legislativa não vai ficar restrita a somente um tema. Motta sinalizou que deve levar a discussão ao Colégio de Líderes, ao Senado e deve manter conversas com o Judiciário e o Executivo. “Aumentando uma crise, não vamos resolver esses problemas, não embarcaremos nisso”. O recado está dado.

Agenda oficial

O presidente Lula passa o dia de hoje (9) em Tegucigalpa, capital de Honduras, onde participa da 9ª reunião da Cúpula de Chefes de Estado da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos). Uma das discussões do evento é encontrar meios de diminuir a dependência em relação aos Estados Unidos.

Valéria Costa
Valéria Costa
Jornalista, com 25 anos de profissão. Já atuou em veículos de comunicação em Manaus (AM) e Brasília (DF), na cobertura dos principais assuntos nas diversas editorias do jornalismo, com ênfase em política e opinião.

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