sábado, maio 17, 2025

Desmatamento no país cai 32,4% em 2024, em cinco dos seis biomas

O destaque vai para o Pantanal, cuja redução foi de 58,6%; números são em relação a mesmo período de 2023

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O Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD), divulgado nesta quinta-feira (15) pela iniciativa MapBiomas Alerta, apontou redução no desmatamento em cinco dos seis biomas brasileiros em 2024: Pantanal, Pampa, Cerrado, Amazônia e Caatinga. A exceção foi a Mata Atlântica, que se manteve praticamente estável em relação a 2023, apesar do impacto dos eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul.

A área total desmatada no país no ano passado caiu 32,4% em relação a 2023, enquanto o número de alertas validados reduziu 26,9%. Ao todo, foram desmatados 1.242.079 hectares e registrados 60.983 alertas no território nacional em 2024.

Na comparação entre os dois anos, o Pantanal e o Pampa foram os biomas que apresentaram a maior redução das áreas desmatadas. O Cerrado aparece em terceiro lugar, seguido da Amazônia e da Caatinga. A Mata Atlântica teve um crescimento de 2%.

Veja a redução por bioma, na comparação com 2023:

  • Pantanal – redução de 58,6%
  • Pampa – redução de 42,1%
  • Cerrado – redução de 41,2%
  • Amazônia – redução de 16,8%
  • Caatinga – redução de 13,4%
  • Mata Atlântica – crescimento de 2%

Cerrado

Pelo segundo ano consecutivo, o Cerrado é o bioma com a maior área desmatada. Em 2024, foram 652.197 hectares – mais da metade (52,5%) do total desmatado no Brasil no ano passado. A região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) concentrou 75% do desmatamento do Cerrado e cerca de 42% de toda a perda de vegetação nativa no país.

Esses números, no entanto, representam uma queda de 40% em relação a 2023. Os quatro estados do Matopiba estão entre as cinco unidades federativas que mais desmataram em 2024.

O Maranhão lidera o ranking pelo segundo ano consecutivo, mesmo com redução de 34,3% na área desmatada, que totalizou 218.298,4 hectares no ano passado. Junto com o Pará, esses estados respondem por mais de 65% da área desmatada no Brasil. Os quatro municípios com maiores aumentos proporcionais estão no Piauí: Canto do Buriti, Jerumenha, Currais e Sebastião Leal.

Amazônia

A Amazônia ficou em segundo lugar, com 30,4% da área desmatada no Brasil (377.708 hectares). Esta foi a menor área desmatada dos seis anos da série histórica do RAD, iniciada em 2019.

Juntos, Amazônia e Cerrado responderam por quase 89% da área desmatada em 2024 e isso se reflete no tipo de vegetação mais desmatada no Brasil: pelo segundo ano consecutivo, as formações savânicas foram as áreas mais desmatadas (52,4%), seguidas das formações florestais (43,7%).

Outros biomas

A Caatinga vem em terceiro lugar, com 14% de área (174.511 hectares). Os 3% restantes da área total de desmatamento no Brasil ficaram com Pantanal (1,9% ou 23.295 hectares) e Mata Atlântica (1,1%, ou 13.472 hectares).

O Pampa aparece com a menor área de desmatamento do relatório: 0,1% do total, ou 896 hectares. Porém, os sistemas de detecção automática de supressão de vegetação nativa baseados em sensoriamento remoto ainda tem limitações nos ambientes campestres, o que pode causar omissões principalmente nos biomas Pampa e Pantanal.

Rio Grande do Sul

No caso específico do Rio Grande do Sul, eventos climáticos extremos alavancaram a perda de vegetação nativa no estado, com aumento de 70%. Os resultados no bioma Mata Atlântica foram influenciados pelos eventos climáticos extremos que atingiram o estado gaúcho entre abril e maio de 2024.

Caso esses eventos não tivessem ocorrido, o bioma teria registrado uma redução de pelo menos 20% na área afetada em relação ao ano anterior.

Terras indígenas

Em 2024, dois terços das Terras Indígenas do país não registraram nenhum evento de desmatamento. Apenas 33% das TIs tiveram ao menos um episódio detectado, totalizando 15.938 hectares de vegetação nativa perdidos — uma redução de 24% em relação a 2023. Essa área representa apenas 1,3% do total desmatado no Brasil no último ano.

Foram perdidos 57.930 hectares de vegetação nativa dentro de Unidades de Conservação (UCs) em 2024 – uma redução de 42,5% em relação a 2023. Em UCs de Proteção Integral a redução foi maior: 57,9%, com 4.577 hectares em 2024.

A APA Triunfo do Xingu (PA), na Amazônia, foi a UC com maior área desmatada no Brasil, com 6.413 hectares. Esse número representa uma redução de 31,7% em relação a 2023, quando ocupava o terceiro lugar no ranking, com 9.391 hectares.

Alerta

A iniciativa do MapBiomas consolida, valida e refina as informações emitidas por diversos sistemas de monitoramento do desmatamento no Brasil, como o Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e os Sistemas de Alerta de Desmatamento (SADs) do Imazon, do SOS Mata Atlântica-ArcPlan e do Pampa/UFRGS/Geokarten.

Cada alerta é analisado detalhadamente, gerando um laudo com imagens de satélite diárias, em alta resolução espacial, ilustrando o antes e o depois do desmatamento.

Os laudos também permitem cruzamentos das áreas de alerta com limites geográficos (como biomas, estados, municípios e bacias hidrográficas), recortes fundiários (como Cadastro Ambiental Rural, Unidades de Conservação e Terras Indígenas) e situação administrativa (como existência de autorização, autuação ou embargo).

O resultado é um documento completo para cada evento de desmatamento detectado no Brasil.

Com informações da Secom/PR

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