Soberania
O episódio da taxação em 50% dos produtos importados do Brasil pelos Estados Unidos, anunciadas por Donald Trump esta semana, coloca na mesa de negociações empresários, políticos, autoridades e instituições públicas e privadas em geral das duas nações, mas um ponto deve ficar em evidência: o savoir faire da diplomacia brasileira. É chegado o momento de o Itamaraty assumir as rédeas e mostrar que realmente sabe gerenciar uma crise diplomática.
Efeito
O tarifaço de Donald Trump pode sair pela culatra no Brasil. Pelo menos é assim que muitos especialistas analisam, mas até 1º de agosto – quando deve passar a vigorar – muitas águas, discursos e embates político-econômicos e ideológicos vão rolar internamente e, externamente. A ação de Trump não foi bem vista e não está sendo bem vista desde que assumiu o governo, em janeiro deste ano, anunciando uma série de tarifas exorbitantes para seus parceiros comerciais.
Diálogo
E é justamente o apelo diplomático que deve falar mais alto, na análise do decano da Câmara dos Deputados, Átila Lins (PSD-AM). Na sua visão, ao anunciar quase um mês antes a aplicação de uma tarifa exorbitante de 50% em cima do Brasil, o presidente americano repete o status quo que adotou com outros países em situação semelhante. “Significa que o governo Trump está dando 20 dias para encontrarmos algum caminho que possibilite mudar essa decisão”, salientou o parlamentar.
Reflexão
Em artigo assinado pelo presidente Lula e republicado nos principais veículos de comunicação do mundo, como o Le Monde (França), El País (Espanha), Clarín (Argentina) e La Jornada (Mexico), ele afirma que não há alternativa para o “multilateralismo” e lamenta que 2025 pode entrar para a história como o ano em que a ordem internacional, construída a partir de 1945, desmoronou.
Lugar de importância
Lula reforça a importância da diplomacia para “refundar as estruturas de um verdadeiro multilateralismo, capaz de atender aos clamores de uma humanidade que teme pelo seu futuro”. “Apenas assim deixaremos de assistir, passivos, ao aumento da desigualdade, à insensatez das guerras e à própria destruição de nosso planeta”, finaliza o presidente.
Culpa
Para tentar tirar de si o peso da taxação em 50% da economia brasileira por parte dos Estados Unidos, a oposição e a família Bolsonaro têm direcionado o fardo para o governo federal, em especial o presidente Lula. Mas o fato é que a carta de Trump, publicada numa rede social, deixa claro que há apenas uma motivação para o desvario tarifário: o ex-presidente Jair Bolsonaro. Eduardo Bolsonaro, que está residindo nos Estados Unidos com a única intenção de tentar reverter a situação política e penal de seu pai deveria ter combinado melhor com os gringos.
Dividendos
O fato é que este episódio de interferência externa na economia e política do país está favorecendo politicamente o governo Lula e seus aliados, que enfrentavam uma queda de popularidade abissal. Era o momento que os articuladores do governo esperavam e, ironicamente, a oposição lhes entregou embrulhado para presente e envolto em laço decorativo. Agora, está no marketing do governo trabalhar o day after dos acontecimentos.
Ações
As ações já estão acontecendo. Tanto por parte do Planalto quanto por parte do PT e aliados. Nesta sexta-feira (11), por exemplo, o partido lança a campanha “Defenda o Brasil”, com movimentos coordenados nas redes sociais, em que participam influencers, movimentos sociais, sindicatos, centrais sindicais, parlamentares e lideranças do partido na Câmara e Senado.