Encontro Lula-Trump
O primeiro encontro entre os dois presidentes do Brasil e Estados Unidos aconteceu, finalmente ontem (26), em solo neutro e saiu melhor que a encomenda, segundo analistas e aliados de plantão. O próprio Donald Trump divulgou que foi um “ótimo encontro”. A conversa durou cerca de 50 minutos, o suficiente para ambos baixarem a guarda e renovarem promessas de parcerias sem fim. Mas a prática exige mais que retórica.
Tarifaço
O pano de fundo do encontro do ano foi a supertaxa que Trump impôs às exportações de produtos brasileiros aos Estados Unidos. São mais de 6 mil itens, entre os quais a carne e o café, que já estão pesando no bolso dos norteamericanos. Mas, do que palavras de efeito e uma foto bonita para as redes sociais e a posteridade, os empresários brasileiros e, porque não os americanos, aguardam, ansiosos, o desenrolar das negociações.
Efeito
Ontem mesmo, na Malásia, iniciaram as negociações entre os representantes dos dois países sobre a redução ou não das tarifas. As conversas ainda não avançaram, mas a expectativa, principalmente do lado brasileiro, é que ainda este ano, os Estados Unidos recuem da imposição de uma tarifa elevada aos produtos brasileiros.
Resultados
O encontro entre Lula e Trump, que estava sendo aguardado desde julho quando o presidente norteamericano anunciou a supertaxa, condicionando-a à questão política envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), está sendo acompanhada com nervosismo, ansiedade, mas também cautela entre os empresários locais. Entidades que representam os setores do café, da carne e de calçados emitiram notas parabenizando a reunião e avaliando de forma positiva o avanço das negociações.
Reações
A repercussão do encontro do ano também alcançou a esfera política e foi elogiada pelos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Em nota, ambos os dirigentes elogiaram a reunião amistosa e colocaram o Parlamento à disposição para selar a paz. “A relação de amizade entre Brasil e EUA é histórica e estratégica. Um marco importante”, disse Alcolumbre. “Quando líderes escolhem conversar a história agradece. Foi assim nas grandes viradas do mundo, sempre pela palavra, nunca pelo silêncio”, reforçou Motta.
Não foi bem assim
Já a oposição, principalmente a bolsonarista, torceu o nariz e, em diversas manifestações, criticaram o presidente Lula e enalteceram o ex-presidente Bolsonaro. Se ativeram a um ponto específico da conversa dos dois dirigentes com jornalistas americanos e brasileiros, quando Trump foi perguntado por Bolsonaro e, quando o norteamericano disse que gostava dele. Também focaram no desconforto de Lula quando o assunto Bolsonaro entrou, mesmo que rápido, na conversa.
Presente
No dia em que completa 80 anos de idade, nesta segunda-feira (27), o presidente Lula se sente revigorado, agraciado e pronto para renovar as promessas eleitorais de olho nas eleições presidenciais do próximo ano. Seu natalício não poderia ter acontecido num momento melhor para ele como este, em que conduz a política externa e uma reunião político-econômico e comercial de êxito com Donald Trump. O aniversário do presidente Lula acabou virando um grande ativo político para o presidente brasileiro que, desde o início dessa viagem à Ásia está sendo agraciado com festejos, afagos e apoios.
Freio
Diz um ditado popular e verdadeiro que o “peixe morre pela boca”. Embora esteja num momento em que sua popularidade está dando sinais de resgaste, o presidente Lula tem que pensar bem nas palavras e opiniões que dá para evitar as inúmeras gafes que têm cometido ao dar declarações polêmicas como a da semana passada, em que acabou criando uma tensão no país e dando munição para a oposição ao afirmar que os “traficantes são vítimas dos usuários”. Esse comportamento coloca por terra todo o trabalho que seu secretário de comunicação, o marqueteiro Sidônio Palmeira, tem realizado.
Nova marca
Numa peça publicitária com pouco mais de três minutos, o Partido Progressista (PP) lançou no meio político o novo lema da legenda focado na segurança social: “Brasil do futuro é Brasil mais seguro”. O partido tem como foco a luta pela segurança jurídica; alimentar; no campo; econômica; na saúde; energética e tecnológica e, o mais importante, a segurança pública. A proposta é tornar o Brasil um país com segurança para crescer, aprender e empreender.
Depoente
Na próxima semana, dia 6 de novembro, o ex-ministro do Trabalho e Previdência do governo do ex-presidente Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, é esperado para depor à CPMI do INSS. Ele terá que explicar as denúncias de fraudes e desvios na instituição que pairam sobre sua gestão. Além dele, outros ex-dirigentes do ministério a partir de 2015 serão convidados a depor no colegiado.
Uma vez fora
“Rei morto, rei posto” é uma das frases que mais representa o poder, desde os tempos medievais até os dias atuais. E ela foi reforçada no discurso de Lula ao falar com a imprensa, em entrevista coletiva ontem, quando o assunto Jair Bolsonaro voltou à tona. O clã Bolsonaro sabe disso e talvez agora esteja experimentando o peso que essa frase reproduz quando se deixa o poder.

