domingo, dezembro 14, 2025

EDITORIAL: o caldeirão de Brasília ferve e impacta todos os setores da sociedade

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Há pelo menos uma década, a política brasileira vem passando por transformações e acontecimentos céleres que deixam qualquer um, que esteja acompanhando o mínimo, atônito. Em dez anos, houve impeachment, ascensão e queda de medalhões da política, articulações de bastidores nada ortodoxas, o surgimento de novos personagens no cenário político, o nascimento de uma Justiça mais militante, pandemias, endemias, caos social, político e econômico. Enfim.

Os últimos 4 anos, desde que o presidente Lula retornou ao poder, a confusão política ganhou corpo no país e o crescimento e desenvolvimento têm sido condicionados ao humor do Congresso Nacional. Até o dia de hoje, 25 de novembro de 2025, o país é regido pelo sistema presidencialista. Mas o Parlamento brasileiro insiste em atuar ou tenta implantar um sistema parlamentarista. Alguém está falhando.

Vejamos, o ex-presidente da Câmara, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), é um dos entusiastas desse sistema, inclusive, sob a sua presidência, articulou uma discussão nesse sentido. O atual dirigente, Hugo Motta (Republicanos-PB), ainda não se definiu otimista do Parlamentarismo, mas possui um discurso que ora flerta com o sistema ora entende a obrigatoriedade de se separar a independência dos Poderes.

Davi Alcolumbre (União-AP), senador e presidente do Congresso Nacional e do Senado, nunca falou abertamente a respeito, mas os bastidores dos últimos dias têm mostrado uma briga de força entre os poderes legalmente constituídos. O pano de fundo: a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, pelo presidente Lula, para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF).

As intrigas palacianas e legislativas dão como certa uma irritação de Alcolumbre por não ter emplacado, junto ao presidente da República, o nome de seu aliado, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para a vaga cobiçada no Judiciário. O que pode colocar em risco a frágil relação entre Planalto e Congresso, num momento em que a tensão política chega a seu ápice, com a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Se esse humor se confirmar, cai por terra o discurso de que tudo se faz pela democracia, pelo povo e para o povo.

Enquanto isso, a prisão de Bolsonaro foi referendada pelos membros da Primeira Turma do STF, o que agrava ainda mais o caos político que o país atravessa, faltando menos de um ano para as eleições presidenciais.

Os deputados e senadores do Partido Liberal e de partidos aliados ao bolsonarismo retomaram a ofensiva em favor do projeto da anistia ampla, geral e irrestrita, que se arrasta no Congresso Nacional desde 2023. Agora, pretendem, mais do que nunca, endurecer não só o discurso, mas as ações.

Os que estão atônitos, acompanhando o desenrolar de como se faz política no Brasil, já temem o que pode vir dessa briga de ideologia nos próximos dias e meses, os prejuízos que, por ventura, isso possa causar ao sistema social e econômico do país. Já não bastasse toda as feridas que as mazelas, desigualdades sociais, o crime organizado e a corrupção causam no povo brasileiro, pode vir, ainda, coisa pior.

No meio da celeuma, outros grupos políticos tentam emplacar um discurso alternativo, com a defesa de um candidato alternativo à disputa presidencial de 2026, fora do lulismo e do bolsonarismo. Nesse campo, ganha força o nome do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD).

Vejamos os próximos capítulos da curiosa política brasileira!

Valéria Costa
Valéria Costa
Jornalista, com 25 anos de profissão. Já atuou em veículos de comunicação em Manaus (AM) e Brasília (DF), na cobertura dos principais assuntos nas diversas editorias do jornalismo, com ênfase em política e opinião.

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