domingo, dezembro 14, 2025

O que ainda pode acontecer na Câmara sob a presidência de Hugo Motta?

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O que esperar?

Aliados, oposição e até centrão, alguns desses representantes na Câmara dos Deputados já olham com desconfiança à postura do presidente da casa, o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB). O sentimento é que essa presidência já deu o que tinha que dar e, na reta final do ano, o que acontecer – de bom ou ruim – é apenas reflexo de como foi o comando da casa ao longo de 2025. Mas ainda tem todo o ano de 2026 sob a tutela de Motta.

Falta pulso?

Para os mais críticos, Hugo Motta demonstrou não ter força e garra política e isso ficou evidente em sua forma de gerenciar o Parlamento federal. Os acontecimentos tensos que permearam a sua presidência reforçam a tese: a confusão na retirada do deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) à força da mesa diretora pela Polícia Legislativa destoou da forma como tratou o levante da direita, no meio do ano, quando também tomou a mesa diretora da casa por dois dias.

Leniente

A demora em pautar a votação da perda de mandato de parlamentares, resultando na manutenção destes mesmos personagens nos respectivos cargos, ontem (10), também demonstra – ou pelo menos reforça – medo de enfrentar as questões internas da casa. Chega a ser incoerente um Parlamento manter o mandato de uma deputada condenada judicialmente e foragida (Carla Zambelli) e de um deputado (Glauber Braga) que usa da força física para extravasar sua revolta. Assim está o Parlamento.

Estarrecedor

A justificativa é que não se conseguiram os votos necessários para a aprovar as perdas de mandato de Zambelli e Glauber. Esse precedente deve abrir brechas para a manutenção no cargo de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está prestes a completar um ano que migrou para os Estados Unidos com a justificativa de procurar justiça para seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Sem trabalhar, mesmo que remotamente, ele acumula faltas, mas mantém os vencimentos mensais.

Olha o jabuti

O senador Espiridião Amim () será o relator do PL da Dosimetria no Senado e, embora seja apoiador de uma anistia ampla, geral e irrestrita, disse que a proposta pode não prosperar em seu relatório. Mas, deu a deixa que pode entrar como uma espécie de emenda. No entanto, ele sabe que essa defesa não encontra eco no Senado como teve na Câmara.

Frustração

A aposta da direita bolsonarista é tentar aprovar o PL da Dosimetria no Senado ainda este ano, mas já começam a cair na real que a questão pode ficar para 2026. O tempo é muito curto, haja vista que o Congresso Nacional só tem mais uma semana de trabalho legislativo. Além do mais, se aprovado do jeito que veio da Câmara, corre o risco de a proposta ser vetada total ou parcial pelo presidente Lula.

Nova análise

Aprovado com mudanças no texto, ontem (10), no Senado, o PL Antifacção vai retornar para nova votação na Câmara dos Deputados. A proposta do Executivo, que teve uma relatoria polêmica na Câmara pelo deputado da oposição, Guilherme Derrite (PP-SP), recebeu mudanças no Senado, por parte do relator, Alessandro Vieira (MDB-SE).

Mais rigor

O projeto aumenta as penas para integrantes de grupos criminosos. Líderes de facções podem receber condenações de até 60 anos, com previsão de aumento de penas em casos específicos para até 120 anos, segundo o relator. O projeto também torna mais rígidas as regras de progressão de regime e determina que chefes de facções e milícias privadas cumpram pena obrigatoriamente em presídios federais de segurança máxima.

Dura realidade

Estudo do Inesc revela que regiões administrativas do Distrito Federal com maior concentração de jovens receberam, em 2025, os menores valores de orçamento por habitante. O caso mais extremo é a do Sol Nascente/Pôr do Sol, terceira região administrativa com maior proporção de crianças e adolescentes, que teve o menor investimento per capita de todo o DF: apenas R$ 17,75 por morador.

Desigualdade regional

Em Ceilândia, por exemplo, o orçamento da administração regional é de R$ 15,6 milhões, mas o investimento por morador é de apenas R$ 54. Já em Itapoã e na Estrutural, não há nenhuma creche pública em funcionamento. Enquanto isso, em áreas mais desenvolvidas como o Lago Sul, o investimento do governo é 13 vezes maior que na região periférica de Sol Nascente/Pôr do Sol e 3 vezes maior que a do Itapoã, diz Inesc.

Valéria Costa
Valéria Costa
Jornalista, com 25 anos de profissão. Já atuou em veículos de comunicação em Manaus (AM) e Brasília (DF), na cobertura dos principais assuntos nas diversas editorias do jornalismo, com ênfase em política e opinião.

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