Bomba-relógio
A um mês de encerrar suas investigações com a apresentação do relatório final, a CPI das Bets tem cumprido seu papel de comissão parlamentar e confrontado uma situação alarmante que tem tomado conta do país: o crescente vício em jogos de azar online. A tendência é forte e tem atraído jogadores de todas os níveis e classes sociais, mas, o que está por trás desse cenário de sorte e prosperidade é bem mais preocupante. É uma bomba que vai estourar a qualquer momento.
Espetáculo
Instalada em novembro do ano passado, a CPI passou o primeiro trimestre de 2025 com pouca ou quase nenhuma visibilidade. Mas, bastou a mesa diretora da comissão convocar influenciadores digitais e subcelebridades envolvidos na divulgação de plataformas online para depor que os holofotes se viraram todos, para a presença dos ilustres convidados. Assim foi esta semana com as presenças da apresentadora de TV, Virgínia Fonseca, e o influenciador Rico Melquíades.
Pobre país
A presença de Virginia Fonseca causou frisson no Senado, com direito a parlamentar tietando, tirando fotos com a subcelebridade para mostrar à esposa e a presença de fãs alvoroçados com uma figura que mostrou, ao falar na comissão, praticamente zero de habilidade oral e cultural. O mesmo aconteceu com Rico Melquíades. No final das contas, os dois saíram bem na foto com a produção de conteúdo e lacração para as suas redes sociais. Mas, e a CPI, tirou algum proveito desses depoimentos? O que acrescentaram às investigações? terão peso no relatório final? Não se sabe, a relatora, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) deve começar a rascunhar seu documento ainda este mês.
Objetivo
A CPI das Bets tem como motivação principal investigar a influência catastrófica dos jogos virtuais de apostas online no orçamento das famílias brasileiras, além da possível associação com organizações criminosas envolvidas em práticas de lavagem de dinheiro e também o uso de influenciadores digitais na promoção e divulgação dessas atividades. Na realidade, o buraco está bem mais embaixo e o que está se vendo nos depoimentos é apenas a ponta do iceberg. Alô Polícia Federal, o que temos a respeito disso na cartela de investigações da instituição?
Educação
A presença de influenciadores e novos milionários na CPI das Bets traz à tona como o país negligenciou a educação de suas crianças, adolescentes e jovens ao longo das últimas décadas e como deixou isso acontecer de forma vil e negligente. Agora, como tentativa de reverter um cenário já estabelecido, o governo federal e o Congresso Nacional debatem um novo Plano Nacional de Educação. A última grande mudança aconteceu há quase 30 anos, como a Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Depois disso, só ajustes paliativos e um fracassado novo ensino médio.
Propostas
Ex-secretário municipal de Educação em Manaus (AM), o deputado federal Pauderney Avelino (União-AM) propôs esta semana, durante audiência na Comissão Especial que debate o novo Plano Nacional de Educação, que fossem inclusas estratégias exitosas de Manaus, entre elas a parceria com o Instituto Ayrton Senna (IAS). Ele afirmou que, em sua gestão, foram identificados os professores alfabetizadores e replicados os bons exemplos nas escolas. “Também investimos na qualidade da merenda escolar porque criança mal alimentada não consegue aprender, isso sem contar a parceria também exitosa com o Instituto Ayrton Senna”, frisou.
Carne duvidosa
Um relatório do Ministério Público Federal (MPF), divulgado ontem (14), revelou que frigoríficos que não assinaram o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) da Carne Legal apresentam 52% mais irregularidades na origem da carne, muitas vezes provenientes de pastos em áreas desmatadas da Amazônia Legal, enquanto os que são signatários do documento apresentam 13 vezes menos irregularidades. Os dados fazem parte do ciclo unificado de auditorias na cadeia da pecuária da Amazônia Legal, que considera fornecedores diretos e indiretos de gado na região. O levantamento também considera a rede varejista como co-participante deste ciclo, mas com dados que serão divulgados em outra oportunidade, segundo o MPF.
Fraudes INSS
O novo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz Maciel, deve ser ouvido na manhã desta quinta-feira (15), na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC) do Senado, para prestar informações sobre as fraudes relacionadas a descontos não autorizados por aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ele foi convidado, portanto, tem a prerrogativa de não comparecer. Mas, diante da delicadeza dos fatos, sua ausência pode custar caro ao governo federal e demonstrar esnobismo à relevância deste roubo escancarado.