sábado, outubro 25, 2025

A rede de intrigas que emaranha a direita do Brasil

Compartilhe

Desalinhados

A pré-eleição 2026 está gerado um efeito reverso nos partidos de centro e de direita do Brasil. O que parecia acordado, não há mais. O que parecia unificado, expõe uma divisão e um racha internos que não dá mais para maquiar. Se é uma estratégia política, como alguns analistas avaliam, é uma manobra arriscada porque a disputa presidencial está na esquina e não há espaço para dúvidas.

Revés

O principal líder do grupo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), está preso em casa e condenado por tentativa de golpe de estado. Aliados disputam o seu espólio político, mas ninguém mostra a cara o suficiente para se autodeclarar como o legítimo herdeiro que merece as bênçãos para pavimentar um caminho presidencial e correr contra o tempo para se viabilizar ao pleito. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), até tentou, mas….

Divisão

Um novo nome surge no meio desse emaranhado buscando holofote político para o pleito do ano que vem: o senador e presidente nacional do PP, Ciro Nogueira. Mas suas investidas têm sido alvo de críticas ácidas dentro do grupo político, o que escancara que a unidade, apregoada por todos, é apenas uma questão de ótica. No meio da enxurrada de críticas, o senador tenta manter o discurso de que a liderança é de Bolsonaro e será dele a última palavra sobre a disputa presidencial.

Poder enfraquecido

Acontece que o poderio político de Bolsonaro também está em xeque. Preso, sem ter autonomia de uma ampla articulação política, o ex-presidente tenta, primeiro, apagar os incêndios dentro de casa, minimizando os estragos que o comportamento vingativo de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem causado ao país, direto dos Estados Unidos. De repente, toda a autonomia e autoridade que os bolsonaristas ostentavam até um tempo atrás, parecem estar fugindo de suas mãos.

Racha

Enquanto isso, partidos alinhados ao bolsonarismo se engalfinham. O mais novo capítulo está sendo protagonizado entre Ciro Nogueira e o governador de Goiás e pré-candidato a presidente da República, Ronaldo Caiado (União). Curioso, é que ambos integram a mais recente força política do país: a Federação União Progressista.

Fogo amigo

Ronaldo Caiado não se fez de rogado e reagiu, imediatamente, à entrevista que Ciro Nogueira concedeu ao O Globo neste final de semana. O presidenciável criticou duramente a postura do senador que, segundo ele, se coloca como “porta-voz” de Bolsonaro, quando não o é. Além de estar tentando criar uma narrativa de que os presidenciáveis ao gosto de Bolsonaro seriam Tarcísio ou Ratinho Júnior, do Paraná.

Protagonismo zero

Para Caiado, Ciro sofre de “ansiedade vergonhosa”, quando se coloca como pré-candidato a vice-presidente numa chapa com Tarcísio ou Ratinho Júnior, tentando forçar uma situação dentro da direita, uma vez que é um “senador de inexpressiva presença nacional”, Ciro colocou panos quentes e minimizou o acirramento. Mas o fato é que a oposição está sem rumo.

Imbróglio

Se não bastasse as fissuras evidente, o União Brasil e o PP ainda estão às voltas com a falta de liderança interna. O ultimato para que filiados de ambos os partidos abandonem cargos no governo Lula ainda não surtiu efeito e deve gerar mais desgastes nos próximos dias. Um deles é a possível desobediência do ministro do Turismo, Celso Sabino (União-PA), que não quer sair do ministério e pode ser expulso da legenda ainda esta semana.

Ameaça

O ultimato do União, renovado na semana passada e que se arrasta há dois meses, é que se Sabino não entregar o cargo até amanhã (7), o partido vai iniciar o processo de expulsão do filiado. Já tem quase um mês que o ministro chegou a oficializar seu pedido de demissão do ministério, mas ficou apenas na vontade. Celso Sabino encontra-se numa sinuca de bico, pois sabe que esse desgaste pode prejudicar seu projeto político para 2026: disputar o Senado pelo Pará.

Depoimento

A CPMI do INSS ouve, hoje (6), o ex-sócio de Nelson Williams, o empresário e economista, Fernando Cavalcanti, que teve bens apreendidos na segunda fase da Operação Sem Desconto da Polícia Federal em setembro. A comissão quer saber qual o real envolvimento do empresário com Williams e com o Careca do INSS. Já há uma grande expectativa se a sessão desta segunda vai repetir as duas segundas anteriores, em que os depoentes saíram presos pela mesa diretora do colegiado.

Discussão

Na próxima quarta-feira (8), a Câmara dos Deputados vai realizar audiência pública para discutir a falsificação de bebidas. O debate é em cima de uma proposta de lei que tramita na casa, que torna a adulteração de bebidas alcoólicas em crime hediondo, que tem como relator o deputado federal Kiko Celeguim (PT-SP).

Valéria Costa
Valéria Costa
Jornalista, com 25 anos de profissão. Já atuou em veículos de comunicação em Manaus (AM) e Brasília (DF), na cobertura dos principais assuntos nas diversas editorias do jornalismo, com ênfase em política e opinião.

Leia mais

Mais do assunto