Gravidade
A megaoperação policial realizada ontem no Rio de Janeiro, que resultou em 64 mortes e considerada a mais letal, revela que o estado está perdendo terreno para as facções criminosas. Ações de inteligência estratégica e um enfretamento mais assertivo precisam ser colocados em prática urgente, sob pena de o estado ficar refém de grupos criminosos, que mandam e desmandam no Rio de Janeiro e, no país, com abuso e ousadia, vide os drones que atacavam com ímpeto as forças de segurança.
Fora, ideologia!
Não é hora de os entes políticos usarem o fato de forma eleitoreira e rasteira, como se viu ontem, em que as ideologias políticas se sobrepuseram ao que realmente tem que ser feito: agir. Se colocar na mesa, todos têm culpa: o governo federal e o estadual. Pesquisas revelam que um dos grandes problemas do Brasil é a segurança pública, mas parece que todas as medidas tomadas até aqui se mostram apenas paliativas.
Problema crônico
O Rio de Janeiro se tornou símbolo das facções criminosas. Entra governo e sai governo e, incrivelmente, não se consegue avançar no combate efetivo do crime organizado e do tráfico de drogas que tomaram as favelas e morros da “cidade maravilhosa”. A cada ação do estado, os “morros” dominados pelo crime, fazem duas vezes mais. No meio do tiroteio, a população inocente, nervosa, desamparada é quem sai perdendo.
Sozinho
O governador Cláudio Castro (PL-RJ) criticou o governo federal e denunciou que pediu ajuda, em pelo menos três ocasiões, do auxílio de blindados para o combate às facções. Depois, desdisse o que disse. O governo federal, por sua vez, deixou claro que para que isso acontecesse seria necessário o presidente da República decretar uma GLO (Garantia da Lei e Ordem). “Como das outras vezes, a gente não teve sucesso, ao invés de ficar chorando, reclamando, nós fomos trabalhar sem eles”, afirmou Castro.
Responsabilidade
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, rebateu as falas de Castro e, mandou um recado para o governador do Rio: que assuma suas responsabilidades ou jogue a toalha e peça uma GLO ao governo federal. “Se ele sentir que não tem condições, ele tem que jogar a toalha e pedir GLO ou intervenção federal. Ou ele faz isso, se não conseguir enfrentar, ou vai ser engolido pelo crime”, disse o ministro em entrevista ao O Globo.
PEC engavetada
O episódio no Rio acabou trazendo à tona a demora em se votar a PEC da Segurança Pública, que tramita no Congresso Federal e que tem críticas de vários governadores, inclusive Cláudio Castro. Mas, após a letalidade da megaoperação de ontem e o descontrole da criminalidade no país, o relator da proposta, o deputado Mendonça Filho (União-PE), disse que vai antecipar seu relatório para o próximo mês.
Emergência
Ontem à noite, o chefe da Casa Civil, Rui Costa, realizou uma reunião de emergência com ministros do governo sobre a megaoperação no Rio de Janeiro e, nesta quarta-feira (29), uma nova reunião vai acontecer, mas com a presença do governador Cláudio Castro, no estado carioca. Além disso, o presidente Lula – que já está no Brasil – se reúne logo mais com outros ministros para discutir ações de combate ao crime organizado.
Ações
Em nota à imprensa, o presidente do Senado e do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (União-AP), anunciou a votação e aprovação do Projeto de Lei nº 226, de 2024, em extrapauta ontem, que aperfeiçoa o marco legal de enfrentamento à criminalidade, reforçando os instrumentos de proteção aos agentes públicos e à população civil. A matéria vai à sanção presidencial.
Compromisso
Já o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), disse em suas redes sociais que sob a sua presidência, a casa aprovou quase 30 matérias na área, a exemplo do aumento da repressão contra organizações criminosas, criminalização do domínio de cidades e proteção dos agentes públicos envolvidos no combate ao crime organizado. “Continuaremos focados em avançar nestas pautas”, afiançou.

