quarta-feira, outubro 29, 2025

Combater a criminalidade é dever de todos os governos

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Gravidade

A megaoperação policial realizada ontem no Rio de Janeiro, que resultou em 64 mortes e considerada a mais letal, revela que o estado está perdendo terreno para as facções criminosas. Ações de inteligência estratégica e um enfretamento mais assertivo precisam ser colocados em prática urgente, sob pena de o estado ficar refém de grupos criminosos, que mandam e desmandam no Rio de Janeiro e, no país, com abuso e ousadia, vide os drones que atacavam com ímpeto as forças de segurança.

Fora, ideologia!

Não é hora de os entes políticos usarem o fato de forma eleitoreira e rasteira, como se viu ontem, em que as ideologias políticas se sobrepuseram ao que realmente tem que ser feito: agir. Se colocar na mesa, todos têm culpa: o governo federal e o estadual. Pesquisas revelam que um dos grandes problemas do Brasil é a segurança pública, mas parece que todas as medidas tomadas até aqui se mostram apenas paliativas.

Problema crônico

O Rio de Janeiro se tornou símbolo das facções criminosas. Entra governo e sai governo e, incrivelmente, não se consegue avançar no combate efetivo do crime organizado e do tráfico de drogas que tomaram as favelas e morros da “cidade maravilhosa”. A cada ação do estado, os “morros” dominados pelo crime, fazem duas vezes mais. No meio do tiroteio, a população inocente, nervosa, desamparada é quem sai perdendo.

Sozinho

O governador Cláudio Castro (PL-RJ) criticou o governo federal e denunciou que pediu ajuda, em pelo menos três ocasiões, do auxílio de blindados para o combate às facções. Depois, desdisse o que disse. O governo federal, por sua vez, deixou claro que para que isso acontecesse seria necessário o presidente da República decretar uma GLO (Garantia da Lei e Ordem). “Como das outras vezes, a gente não teve sucesso, ao invés de ficar chorando, reclamando, nós fomos trabalhar sem eles”, afirmou Castro.

Responsabilidade

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, rebateu as falas de Castro e, mandou um recado para o governador do Rio: que assuma suas responsabilidades ou jogue a toalha e peça uma GLO ao governo federal. “Se ele sentir que não tem condições, ele tem que jogar a toalha e pedir GLO ou intervenção federal. Ou ele faz isso, se não conseguir enfrentar, ou vai ser engolido pelo crime”, disse o ministro em entrevista ao O Globo.

PEC engavetada

O episódio no Rio acabou trazendo à tona a demora em se votar a PEC da Segurança Pública, que tramita no Congresso Federal e que tem críticas de vários governadores, inclusive Cláudio Castro. Mas, após a letalidade da megaoperação de ontem e o descontrole da criminalidade no país, o relator da proposta, o deputado Mendonça Filho (União-PE), disse que vai antecipar seu relatório para o próximo mês.

Emergência

Ontem à noite, o chefe da Casa Civil, Rui Costa, realizou uma reunião de emergência com ministros do governo sobre a megaoperação no Rio de Janeiro e, nesta quarta-feira (29), uma nova reunião vai acontecer, mas com a presença do governador Cláudio Castro, no estado carioca. Além disso, o presidente Lula – que já está no Brasil – se reúne logo mais com outros ministros para discutir ações de combate ao crime organizado.

Ações

Em nota à imprensa, o presidente do Senado e do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (União-AP), anunciou a votação e aprovação do Projeto de Lei nº 226, de 2024, em extrapauta ontem, que aperfeiçoa o marco legal de enfrentamento à criminalidade, reforçando os instrumentos de proteção aos agentes públicos e à população civil. A matéria vai à sanção presidencial.

Compromisso

Já o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), disse em suas redes sociais que sob a sua presidência, a casa aprovou quase 30 matérias na área, a exemplo do aumento da repressão contra organizações criminosas, criminalização do domínio de cidades e proteção dos agentes públicos envolvidos no combate ao crime organizado. “Continuaremos focados em avançar nestas pautas”, afiançou.

Valéria Costa
Valéria Costa
Jornalista, com 25 anos de profissão. Já atuou em veículos de comunicação em Manaus (AM) e Brasília (DF), na cobertura dos principais assuntos nas diversas editorias do jornalismo, com ênfase em política e opinião.

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