Posse concorrida
Fazia tempo que os corredores do Palácio do Planalto não ficavam tão (extremamente) lotados como o que se viu na tarde de ontem (10) durante a posse dupla dos novos ministros do governo Lula: Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) e Alexandre Padilha (Saúde). Todo o primeiro e segundo escalão do governo se fizeram presentes, além de autoridades e políticos de Norte a Sul do país.
Poder
A presença em massa de autoridades e dezenas de parlamentares em plena segunda-feira em Brasília dá mostras de mudanças significativas que o Planalto pretende fazer em sua articulação política junto ao Congresso Nacional e aos demais setores de comando. E Gleisi Hoffmann – vista como linha dura – é uma aposta arriscada para realinhar essa comunicação mais assertiva com os poderes. Mais do que prestígio, a nova ministra terá que conciliar negociação, paciência e expertise para atender a todos os interesses, sem negligenciar, claro, os do Lula3.
Popstar
Alexandre Padilha pode não ter convencido como um ás na articulação política enquanto esteve à frente desta tarefa desde o início do governo Lula, mas a sua popularidade ontem entre os presentes, que faziam filas e filas para chegar perto dele, apertar-lhe as mãos, desejar-lhe sorte e conseguir o feito de tirar uma selfie, lhe renova o fôlego para cumprir a missão imposta pelo presidente Lula: de colocar o Ministério da Saúde como uma das vitrines desta reta final do mandato presidencial.
Parceria renovada
Seja por compromisso com o governo ou por altruísmo, o fato é que Fernando Haddad, homem forte da economia de Lula, estava lá, na área reservada às autoridades no salão do Palácio do Planalto, prestigiando a posse de seus colegas de partido, de trajetória e de gestão pública. E sua presença não passou despercebida. Durante o discurso de posse, Gleisi Hoffmann fez questão de dedicar-lhe publicamente algumas palavras e reafirmar seu compromisso com a política econômica conduzida pelo ministro. Atento, Haddad apenas consentiu com a cabeça.
#Prontofalei!
Ao transmitir o cargo para seu sucessor, a ex-ministra da Saúde Nísia Trindade não perdeu a oportunidade e a ocasião. Durante seu discurso para uma plateia lotada e de várias matizes de pensamento, em alto e bom som, a cientista social fez questão de revelar a sanha que sua presença à frente deste ministério despertou em várias correntes políticas que se dizem aliadas do governo. Sem pestanejar, Nísia afirmou que sofreu preconceito e campanha misógina de desvalorização de seu trabalho nos 25 meses em que conduziu a pasta ministerial.
Conflito interno
Menos de três anos após formalizar federação política com o PSDB, uma ala do Cidadania se mostra insatisfeita com os resultados e já ensaia uma ruptura desse acordo para tentar voo solo nas eleições de 2026. Para o Cidadania, essa união política trouxe mais perdas do que ganhos à legenda. À Coluna, o ex-presidente nacional da sigla, Roberto Freire, disse que não concorda com esse rompimento e que o Cidadania deve continuar tentando uma candidatura com programa comum de uma “concertação democrática” juntando o centro político e outros que pretendem superar a “disjuntiva lulopetista e bolsonarista”.
Fusão
Enquanto isso, o PSDB vive um dilema interno na busca pela própria sobrevivência política. Um partido que teve protagonismo outrora, que participou ativamente das discussões políticas e sociais do país, que elegeu duas vezes um presidente da República, conduziu um exitoso plano econômico, hoje vive de lembranças, numa luta contra o ostracismo político e contra uma possível fusão com o PSD. A ala mais conservadora do partido é contra esse alinhamento por que vê nesse movimento uma derrocada do PSDB e o fortalecimento do PSD, leia-se Gilberto Kassab. Uma fonte revelou à Coluna que Aécio Neves, tucano histórico, não vai permitir essa união política.
LOA 2025
O Orçamento deste ano segue travado no Congresso Nacional. A votação do relatório do senador Ângelo Coronel (PSD-BA), que seria realizada esta semana na Comissão Mista do Orçamento (CMO), foi transferida para a próxima quarta-feira (19). De acordo o parlamentar, houve um acordo com o presidente da comissão, o deputado Júlio Arcoverde (PP-PI). Após zerados os embates em torno das emendas parlamentares, a expectativa é que este capítulo se encerre antes de terminar março.
Projeto da discórdia
A ordem que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) está impondo na casa legislativa pode ter fissuras nos próximos dias, quando este Poder terá que enfrentar uma questão interna: readequar o número das bancadas federais para atender aos dados populacionais atualizados pelo Censo de 2022 e obedecer a uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). Dessa forma, sete estados irão perder representantes na casa em detrimento de outros sete, que ganharão mais deputados federais.
O x da questão
Acontece que parte da casa legislativa não quer efetivar essas mudanças, inclusive Hugo Motta, que já sinalizou por uma alternativa inusitada: aumentar o número dos atuais 513 deputados federais para 527, ou seja, ampliar em mais 14 vagas no Parlamento federal. Ele defende que isso, se acontecer, não haverá custos, e vai levar a proposta para a mesa de discussão com o STF. A Coluna procurou o presidente para comentar a ideia, sem retorno. O espaço segue aberto.