sábado, abril 19, 2025

Na antessala da campanha presidencial, pesquisas esboçam um governo perdido e sem capacidade de reação

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Números que atormentam

Este penúltimo ano de mandato do presidente Lula está tenso e as diversas pesquisas de opinião mostram que a situação política do petista está delicada. Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (2) mostra uma desaprovação de seu governo em 56% e uma insatisfação popular muito grande, que cobra o cumprimento das promessas de campanha e reclama do cenário econômico desfavorável que o país atravessa, puxado principalmente pela inflação e um custo de vida que se encarece a galope.

Tá puxado!

O Palácio do Planalto tem evitado comentar os números das diversas pesquisas que saem quase que diariamente no país e que medem o nível de satisfação do brasileiro em relação ao Lula3, mas não tem como ignorar este cenário. Diz o ditado que os números não mentem. E eles estão, em praticamente todas as sondagens, desfavoráveis ao governo. Além da desaprovação, a pesquisa de hoje revela que para 71% dos entrevistados o presidente ainda não cumpriu as promessas de campanha, enquanto outros 47% acreditam que Lula não é bem intencionado.

Qual seria a mágica?

Há uma grande dubiedade no cenário econômico. O governo vem divulgando números positivos de crescimento, relacionados a 2024, mas já estamos no quarto mês de 2025 e as decisões do Planalto ainda não estão impactando positivamente o cotidiano do brasileiro. Há uma pressão para uma reforma ministerial, mas será se essa é a solução? Trocou-se o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, pois o entendimento interno era que a comunicação do governo ia mal. Lula mudou sua articulação institucional, também muito criticada por aliados e opositores e também operou mudanças no Ministério da Saúde. Onde mais ele poderá mudar para se livrar dessa maré baixa? Ou que tipo de medidas tomar para melhorar este cenário? Ou ainda que concessões terá que fazer a aliados e opositores no Congresso Nacional para que a gestão caminhe?

Equilíbrio

Essa é a palavra que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem usado bastante em seu vocabulário para manter a paz legislativa na casa, não atropelar os fatos e nem ceder à pressão de uma proposta inusitada: anistiar a vandalização do patrimônio público. Motta sabe a consequência política que isso pode trazer no futuro. Ele ainda resiste aos apelos contundentes da oposição e, nesse momento, tenta driblar a chantagem da obstrução total que os apoiadores da proposta ameaçam fazer nas votações em plenário.

Trégua

Uma trégua nesse embate pode acontecer nesta quarta-feira (2) para a votação do PL da Reciprocidade, que autoriza o Brasil a adotar a reciprocidade tarifária e ambiental no comércio com outros países, em especial com os Estados Unidos, num momento em que as decisões do presidente americano, Donald Trump, em taxar diversos produtos que aquele país importa, ameaçam a economia mundial. Motta está nesta batalha: conseguir quórum suficiente para aprovar a matéria na Casa Baixa. O Senado já fez a sua parte ontem (1°), quando aprovou o projeto com apoio de governistas e oposição.

Obstrução

Mas a oposição na Câmara está decidida a intensificar a pressão e barrar votações importantes na casa legislativa até que Hugo Motta paute o PL da Anistia em regime de urgência. O líder do Partido Liberal na casa, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou ontem que a matéria tramitar em comissão especial não atende ao que o grupo quer. Ele mantém o discurso de que o projeto possui apoio de praticamente todos os líderes da casa, o que ultrapassam 300 votos. O líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), no entanto, rebateu a tese e disse que não há consenso na casa e que o projeto não será votado esta semana. O fato é que a quarta-feira promete nervos à flor da pele nos corredores da Câmara Federal.

Força-tarefa

Os bolsonaristas no Congresso Nacional não querem apenas tirar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de uma situação política delicada. O grupo agora se movimenta para livrar o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) da ação penal em que se tornou réu no Supremo Tribunal Federal (STF), junto com o ex-chefe, acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado. Ramagem é ex-diretor-geral da Abin no governo Bolsonaro. A oposição protocolou, ontem (1°), um requerimento para suspender a ação penal contra o aliado enquanto durar o mandato parlamentar. O pedido se baseia no artigo 53 da Constituição, que afirma que partidos políticos podem pedir a sustação de ações contra deputados e senadores que ocorram após a diplomação.

Em tempo

A disputa para as duas vagas que cada estado terá ao Senado nas eleições de 2026 promete ser uma das mais concorridas dos últimos processos eleitorais. Além de diversos governadores em fim de mandato que vão se lançar na continuidade política, outros atores que orbitam no cenário veem na Casa Alta do Congresso Nacional uma oportunidade de se lançarem no meio político. Sem contar outros tantos senadores que irão disputar a reeleição do mandato. Mas será explorado com mais dados em colunas posteriores.

Valéria Costa
Valéria Costa
Jornalista, com 25 anos de profissão. Já atuou em veículos de comunicação em Manaus (AM) e Brasília (DF), na cobertura dos principais assuntos nas diversas editorias do jornalismo, com ênfase em política e opinião.

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