sábado, abril 19, 2025

No tabuleiro político, a inteligência se sobrepõe à articulação

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Jogo de xadrez

Que os mais céticos não se enganem: 2026 começou faz tempo e a ordem do dia, em todas as rodas políticas, é estudar os passos de aliados, manobras de potenciais adversários e se antecipar a eventuais estratégias pré-concebidas. A cautela, neste momento, é puramente estratégia de jogo e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a está praticando bem, quando descarta qualquer anseio por disputar a presidência da República como um representante do bolsonarismo. Tarcísio sabe que, primeiro, tem que remover as pedras internas, para depois jogar-se aos leões. Mas, ele não está só nessa saga política.

O ‘comandante’ voltou

Tarcísio pode ser uma aposta da direita para enfrentar o presidente Lula nas urnas em 2026, embora Jair Bolsonaro alimente escancaradamente esse desejo para si. O governador de São Paulo tem em seu encalço, observando seus passos sutis, o ex-todo poderoso do PT, José Dirceu, que já deixou claro nos bastidores que voltou e voltou não somente para se reinserir num mandato federal, mas para preparar o caminho à reeleição de Lula. Livre, Dirceu tem transitado em várias correntes políticas e conversado com vários agentes neste sentido. A Coluna ousa afirmar que o projeto de reeleição de Lula vai ter um déjà vu e adotar a mesma tática empregada em 2002, quando o ex-sindicalista do ABC Paulista se elegeu presidente do Brasil pela primeira vez com uma coalizão de partidos.

Fins que justificam

Usando de um senso de prático, a Coluna apurou que José Dirceu não vai se ater apenas à ideologia ou ao radicalismo petista de esquerda. Não. Dirceu quer atrair alianças, conquistar apoios e confiança de partidos que estão fora da órbita do PT e aliados, siglas mais ao centro e porque não da direita? para construir uma campanha que favoreça, de fato, a reeleição de Lula, pese o momento crítico que essa terceira gestão atravessa e que corre o risco de não chegar a um inédito quarto mandato.

Astúcia

Enquanto Tarcísio usa da cautela para se sobressair incólume aos mexericos políticos e até mesmo do fogo amigo, José Dirceu está colocando na mesa toda a sua experiência e habilidade política adquiridas, de fato, na militância ao longo dos diferentes momentos de sua trajetória. Zé Dirceu sabe que o momento não são de experimentos e que, nesta altura da vida, qualquer estratégia errada pode lhe custar caro seu retorno triunfal à cena política. E ele quer voltar num governo de coalizão e como braço direito do chefe da Nação.

Bloco na rua

Enquanto isso, o governador do Goiás, Ronaldo Caiado (União), não está preocupado se é cedo, tarde ou se está sendo afoito. Ele também está usando de estratégia político-eleitoral e lança, no próximo dia 4 de abril, sua pré-candidatura à presidência da República. Caiado não está preocupado se a federação União Brasil e PP vai sair ou não e, em caso positivo, quem poderá ser o nome para disputar a cadeira de Lula. Ele está demarcando seu território. Se nada der certo, o plano B dele pode ser a disputa ao Senado por seu estado. Até abril de 2026, quando agentes públicos que forem disputar as eleições terão que se desincompatibilizar de seus cargos, muitas águas vão rolar debaixo dessa ponte.

Reforma tributária

Relator do segundo projeto que regulamenta a reforma tributária no Senado, o PLP 108/24, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) se reúne amanhã (26) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o secretário extraordinário da reforma tributária, Bernard Appy, e dirigentes da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) e da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Na pauta, debate em torno do Comitê Gestor previsto neste projeto de lei complementar, que vai regular o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que vai substituir o ICMS e o ISS quando o novo código tributário passar a vigorar oficialmente no país.

Crescimento sufocado

Um grupo de quatro amigos economistas aposentados do Banco Central decidiu colocar a voz da experiência para falar, criticar a política econômica conduzida por esta autoridade monetária e, também pelos sucessivos governos que passam pelo Planalto sem saber como equalizar as contas, e também sugerir propostas que realmente tragam o tão almejado desenvolvimento econômico do país. Newton Marques, Luiz Afonso Simoens, Carlos Augusto de Carvalho e Gilton Carneiro apresentaram um texto em que reportam variáveis fundamentais do pilar econômico: taxa de juros, taxa de câmbio e seus impactos na dívida mobiliária federal interna. A pretensão é elencar algumas medidas, nove ao todo, que aprimorem a condução da política econômica e tornem menos custosa a gestão da dívida pública. O manifesto pode ser acessado em reflexoesinquietas.com.br/um-olhar-para-a-economia-politica/divida-juros-e-cambio/

Mais rigor

Vai à votação amanhã (26) no plenário do Senado um projeto de lei que determina o uso de tornozeleira eletrônica a quem praticar violência contra a mulher durante a aplicação da medida protetiva de urgência. A proposta já foi aprovada pela Comissão de Direitos Humanos e, em seu relatório, o senador Paulo Paim (PT-RS) prevê ainda que o juiz pode disponibilizar o “botão do pânico” que alerte tanto a vítima quanto a polícia em caso de uma aproximação inadequada do agressor, já que a medida protetiva de urgência limita os locais que o infrator pode frequentar, de forma a proteger a mulher.

Item social

Uma vereadora da cidade de Presidente Figueiredo, interior do Amazonas, apresentou um projeto de lei inusitado e com forte apelo social. Mariane Abreu, do União Brasil, está propondo a inclusão de absorventes nas cestas básicas distribuídas pela prefeitura municipal à população mais carente da cidade. Com o nome “Todos Por Elas”, Mariane quer ampliar a rede de assistência às mulheres em situação de vulnerabilidade do município e conscientizar a população sobre a importância da saúde menstrual e da educação sexual.

Valéria Costa
Valéria Costa
Jornalista, com 25 anos de profissão. Já atuou em veículos de comunicação em Manaus (AM) e Brasília (DF), na cobertura dos principais assuntos nas diversas editorias do jornalismo, com ênfase em política e opinião.

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