Retrovisor
Não era mais para o Brasil está gastando energia e lutando para espantar um fantasma que destruiu a política, a sociedade, as famílias e o emocional coletivo do país, que foi o golpe de Estado impetrado pelos militares em 31 de março de 1964. Sessenta e um ano depois, as forças deste país estão, de novo, às voltas para combater uma ameaça iminente, que se materializou naquele domingo ensolarado de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, e que veio, descaradamente, sendo urdido após o 27 de outubro de 2022.
Recibo
Não adianta a oposição e apoiadores do bolsonarismo contestar a acusação de tentativa de golpe, quando os fatos falam por si. Quando a Suprema Corte do país aceita uma denúncia gravíssima de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e torna réu, num feito inédito, um ex-presidente da República e praticamente toda a sua cúpula de governo, deixa evidente o risco que se corria a Nação de se repetir a história. Mais, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admite a existência da minuta, de conversas sobre Estado de Sítio e não se arrepende de não ter passado a faixa presidencial ao seu sucessor, é algo muito grave.
Fuga descartada
Réu por tentativa de golpe de estado no país, Bolsonaro disse em entrevista à Folha de São Paulo, veiculada no final de semana, que uma eventual prisão pode ser o “fim da sua vida”, tanto no âmbito político quanto social. Principalmente pelo avançado de sua idade: ele está com 70 anos, completados recentemente. Bolsonaro negou, no entanto, qualquer ensaio de sair do país para se livrar de eventuais penalidades, pois se considera popular e uma liderança da direita. “Eu acho que eu estou com uma cara boa aqui. Tenho 70 anos, me sinto bem. Eu quero o bem do meu país”, disse.
Caso Débora
O julgamento da cabeleireira Débora Rodrigues, que recebeu uma pena de 14 anos de prisão por ter pichado de batom a estátua “A Justiça” com a frase “Perdeu, mané”, em alusão ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, no vandalismo do 8 de janeiro de 2023, ganhou novos contornos nos últimos dias, quando a PGR opinou por sua prisão domiciliar e aceita pelo relator da ação, o ministro Alexandre de Moraes. Débora deve ficar nessa condição até que seu julgamento no Supremo – que está paralisado por pedido de vista do ministro Luiz Fux – seja concluído. Há uma sinalização que a dosimetria da pena imputada à Débora seja revista.
Sem anistia
O deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) encabeçou um ato contra o projeto de lei da anistia, que tramita na Câmara dos Deputados, realizado ontem (30) na avenida Paulista. Um cálculo feito pelo site Poder360 aponta que o parlamentar somente conseguiu reunir cerca de 5,5 mil apoiadores, número bem abaixo do prometido por ele a aliados e, bem aquém do que o ex-presidente Jair Bolsonaro conseguiu reunir na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, há dois domingos. O fiasco foi motivo de zoeira nas redes sociais por parte da oposição, que promete superlotar esta mesma avenida no próximo domingo (6), na segunda edição do ato em favor da anistia.
Superaliança
A federação PP-União Brasil pode ser concretizada em abril, segundo projeção do presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira (PI). Em conversa com a Coluna, ele afirmou que as negociações estão “caminhando” e que devem bater o martelo no próximo mês. No meio político, o sentimento é que o PP está mais interessado que o União Brasil em fechar essa parceria. A Coluna procurou o presidente nacional do União Brasil, Antônio de Rueda para comentar o assunto, mas ele não deu retorno.
Só em 2026
Perguntado se avalia colocar seu nome como pré-candidato a vice-presidente numa eventual chapa PP-União Brasil, Ciro Nogueira desconversou e respondeu que o processo eleitoral está “muito longe”. Mas, ao comentar sobre a pré-candidatura de Ronaldo Caiado, que já se anunciou presidenciável com lançamento da pré-candidatura na próxima sexta-feira (4), Ciro afirmou que o governador do Goiás é um nome importante para o União Brasil, mas as definições de candidaturas são vão acontecer mesmo em 2026. “Ele tem todo o direito de colocar o nome dele. Tem uma bandeira fantástica, que é a questão da segurança, mas essa questão de candidatura, só no próximo ano.”
Troca de partido
O deputado federal Luciano Bivar (União-PE) está encabeçando um movimento na Câmara dos Deputados para emplacar uma mudança na Constituição Federal que dê mais autonomia aos políticos na mudança de partido. Trata-se da PEC do Iluminismo, em que ele defende que parlamentares mudem de partido ao final da legislatura, levando seu histórico político e os recursos do Fundo Partidário, além do tempo de rádio e TV. O propósito, segundo ele, é garantir maior independência aos parlamentares. O nome da proposta se inspira no Iluminismo francês, movimento político-intelectual que surgiu na Europa no século XVIII, marcado pela valorização da razão e combate ao absolutismo e ao mercantilismo.
Expectativa
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), deve definir esta semana qual parlamentar será indicado para relatar o projeto de lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil de salário. Pelo menos é o que vem sendo sinalizado nos bastidores. Há uma cobiça grande entre os partidos, principalmente dos aliados do governo sobre esse posto, afinal de contas é uma aposta ousada do Palácio do Planalto para alavancar a popularidade do presidente Lula e, ao mesmo tempo, cumprir uma promessa de campanha. Dependendo de quem for escolhido como relator pode definir (ou não), o sucesso da matéria.