Recado das ruas
Depois de uma semana em que a PEC da Blindagem e a urgência da tramitação da anistia passaram com êxito, num intervalo de menos de 24 horas na Câmara dos Deputados, a população saiu das críticas nas redes sociais e materializou a indignação em protestos realizados, ontem (21), em praticamente todas as capitais brasileiras. O sentimento das ruas é contra a impunidade que o Congresso Nacional insiste em chancelar, em seu sentido mais literal.
De Norte a Sul
Belo Horizonte, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, São Paulo, Teresina e Brasília, além de outras capitais brasileiras realizaram atos com shows musicais e a presença de diversos artistas e de políticos de centro-esquerda e esquerda, que deram peso ao protesto contra essas pautas que avançam no Congresso Nacional e, em defesa da democracia, além de reforçar a máxima de que “o Brasil é dos brasileiros”.
Termômetro
As imagens dos atos nas capitais mostram que o povo não consegue mais pacificar a sua indignação com as decisões que o Congresso Nacional têm adotado em causa própria, em detrimento de pautas que realmente atendem aos anseios da população, como o pacote de leis que pode trazer justiça social e fiscal para o país. As principais críticas foram direcionadas ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), por ter favorecido o avanço dessas pautas, e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que pode ser um dos beneficiados se a anistia avançar.
Silêncio
Hugo Motta passou o domingo calado, nenhuma reação externa aos atos no país, nenhum post, nenhum comentário ou observação. Nada. As críticas ao parlamentar se intensificaram de todos os lados na última semana, colocando em xeque a sua autoridade para o cargo. Um frase ácida dita pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) externa o inferno astral de Motta: “nem Severino foi tão fraco”. Para quem não lembra Severino Cavalcanti, ex-deputado federal que integrava o baixo clero, chegou à presidência da Câmara em 2005 para um mandato de 220 dias.
Sem chance
Escolhido relator da PEC da Blindagem no Senado, Alessandro Vieira (MDB-SE) já adiantou que seu parecer será contrário à proposta. “Minha posição sobre o tema é pública e o relatório será pela rejeição, demonstrando tecnicamente os enormes prejuízos que essa proposta pode causar aos brasileiros”, declarou em suas redes sociais. Aliás, o MDB no Senado já antecipou orientação contrária à matéria. A proposta vai tramitar na CCJ da casa, cujo presidente, senador Otto Alencar (PSD-BA), também é contrário.
Resistência
O relator do PL da Dosimetria (ex-anistia), o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), ainda nem começou a trabalhar de fato no parecer, mas já recebe críticas dos bolsonaristas, que não aceitam uma espécie de anistia light. Um dos ataques veio do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) que, dos Estados Unidos onde está desde fevereiro deste ano, mandou dizer que Paulinho pode ser alvo de sanções do governo norteamericano.
Reconhecimento
Nesta segunda-feira (22) acontece em Nova York, por ocasião da 80ª Assembleia-Geral da ONU, a Conferência Internacional de Alto Nível para a solução pacífica da questão da Palestina e a implementação da solução de Dois Estados. Neste evento, Reino Unido Canadá e a Austrália devem reconhecer, oficialmente, o Estado Palestino e, se juntar a outros 150 países que também já deram o aval ao estado. O Brasil fez esse reconhecimento em 2010.
Agenda
O presidente Lula, que já está em Nova York desde ontem, participa deste evento, além de se reunir com executivos do Tik Tok e também com os reis da Suécia. Amanhã (23), o presidente deve fazer o tradicional discurso de abertura dos debates da 80ª Assembleia-Geral da ONU, que acontecem até quarta-feira (24).
Saldo
O INSS manda avisar que já conseguiu devolver cerca de R$ 1,29 bilhão do dinheiro roubado de aposentados e pensionistas na fraude que veio à tona no primeiro semestre deste ano. Segundo o órgão, mais de 2,3 milhões de pessoas aderiram ao acordo de ressarcimento e, 99% deste universo já receberam o dinheiro de volta. O prazo de adesão permanece aberto até 15 de novembro.
