No meio do fogo
O presidente Lula saiu em defesa, ontem (29), do amigo e ministro Fernando Haddad em relação às últimas medidas anunciadas pela pasta econômica para evitar fechar o ano no vermelho. Uma palavra de apoio é sempre bom, mas nesse caso, será necessário mais do que isso para que o ministro da Fazenda saia do raio de governistas e oposicionistas.
Ultimato
No meio dessa crise instaurada pela decisão de aumentar a alíquota do IOF, o Congresso Nacional, que estava enfrentando as suas próprias crises, acabou ganhando um protagonismo neste ambiente político e agora sai na frente ao determinar um prazo de dez dias para que a equipe econômica do governo apresente uma alternativa eficaz em substituição ao reajuste do imposto.
Berlinda
Fernando Haddad, que semanas atrás havia conquistado um certo capital político pela condução da economia do país, se vê agora num emaranhado difícil de se desvincular, haja vista as poucas alternativas que têm à mesa para expurgar a crise e fechar as contas pelo menos no zero a zero no final do ano.
Algoz
Câmara e Senado rapidamente se movimentaram na cobrança de uma alternativa sob pena de votarem os mais de 20 projetos de decreto legislativo que versam sobre o imposto. Mas não ficaram imunes à cobrança da opinião pública sobre a redução dos valores das emendas bilionárias que o Parlamento maneja, anualmente, no Orçamento público. Questionado a respeito, o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que rever isso não seria problema para a casa.
INSS
A fraude bilionária do INSS é outro tema que o governo tenta administrar de forma mais delicada. Em entrevista ontem (29) ao programa governamental “Bom dia, ministro”, Wolney Queiroz, da Previdência Social, afirmou que o ressarcimento dos aposentados e pensionistas vítimas do roubo vai acontecer, com os recursos já bloqueados das associações. O governo não quer usar dinheiro público para fazê-lo e, sim, penalizar os autores da fraude. Mas, afirmou, se tiver que usar recursos do Tesouro Nacional seria em último caso. O governo quer chegar em 31 de dezembro sem essa dívida.
Enquanto isso…
A oposição e até mesmo governistas aguardam a leitura de instalação da CPI mista que deverá investigar este roubo no INSS e outras fraudes que, por ventura, vier à tona. A data estipulada é 17 de junho na sessão conjunta do Congresso Nacional. Ainda há muita desconfiança se isso será realmente pautado pelo presidente, senador Davi Alcolumbre (União-AP). As apostas dão como certa que a investigação somente deslanchará no início do segundo semestre.
No escuro
O fato é que o governo federal está nas mãos do Congresso Nacional: crise do IOF, roubo do INSS, contas no vermelho, base aliada dispersa, falta de apoio em projetos de grande importância para o Planalto, emendas parlamentares estouradas. Enfim, faltando pouco mais de 6 meses para o final do ano, o governo vai ter que encontrar estratégias eficazes para abafar, conter ou dirimir toda a crise que está em seu rastro.
Esfriou
Diante de todo esse turbilhão na política e economia do país, os bolsonaristas procuram meios de deixar viva a bandeira da anistia. Todos os apelos, ameaças, estratégias, reações, discursos inflamados, nada avançou na Câmara dos Deputados e acabou perdendo espaço para outras crises e polêmicas. Mas o grupo ainda não desistiu.