Escalada da guerra
Mais um capítulo do confronto direto entre Estados Unidos e China resultou em novas retaliações, aumento dos percentuais das tarifas, briga de poderes e de quem tem a canetada mais forte. Trump não recua; Jinping também não. Enquanto isso, o resto do mundo e outras nações poderosas acompanham, atônitos, o embaralhamento e a confusão que estas decisões autocráticas estão causando na economia mundial. Os economistas José Luís Oreiro e Newton Marques, consultados pela Coluna, são unânimes sobre o que pode acontecer: recessão mundial e aumento da inflação.
Incertezas
Para Oreiro, todos esses movimentos que já estão causando impactos negativos em todo o mundo, vide o vai e vem das bolsas de valores, da cotação do dólar e da retração dos investimentos, vão ter consequências diretas: a redução da renda, do consumo e uma crise financeira internacional parecida ou pior que a ocorrida em 2008, iniciada também nos Estados Unidos. Newton Marques acrescenta que pode acontecer um capítulo inusitado da economia global: a estagflação, uma espécie de recessão com inflação. “Ainda não está claro o que o Trump quer exatamente, mas ele já destruiu a globalização e o multilateralismo, e criou o caos financeiro e comercial”, acrescenta Marques.
Efeito imediato
Oreiro é categórico ao afirmar que os efeitos negativos do tarifaço serão imediatos e já poderão ser sentidos já neste segundo trimestre do ano, com a queda de investimentos, principalmente nos Estados Unidos. Segundo ele, este cenário desorganiza as cadeias globais de valor e faz com que as empresas fiquem no escuro, sem saber sobre quais serão seus custos de produção e de exportação para aquele país. A queda da bolsas também têm protagonizado uma fuga expressiva de capitais, que já somam mais de 30 trilhões de dólares desde que Trump começou seus discursos sobre o aumento das taxações das importações americanas.
Birra comercial
Donald Trump parece estar se divertindo com o caos que está causando na economia global. Ontem (9), um trecho da fala dele saiu na imprensa afirmando que os países estão pedindo, quase que pelo amor de Deus, para negociar. A aparente arrogância pode estar escondendo o espanto ao ver que a China não se dobrou, pelo contrário, está pagando para ver, segundo análise de Newton Marques. O economista ressalta que a indústria americana é muito dependente dos produtos chineses, desde o insumo ao produto acabado e matérias-primas estratégicas, além de estar bem aquém da tecnologia chinesa.
Deflação de ativos
Outro impacto negativo na visão de José Luís Oreiro serão nos ativos dos bancos comercias americanos, quando da ocasião dos balanços destas entidades financeiras. Segundo o economista, parte dos ativos dos bancos está em ações ou nos empréstimos que autorizam para empresas que possui ações e, que já sentem a queda livre no mercado. Isso, assinalou, vai gerar uma deflação de ativos e obrigar os bancos a cortarem suas linhas de crédito, o que vai gerar efeito dominó: a produção cai porque as empresas não têm acesso a crédito e, sem acesso a crédito, elas não conseguem financiar suas linhas de produção.
Exportações
O ovo está caro no Brasil e a explicação de entidades do setor é por conta de um efeito sazonal. Mas, o fato é que as exportações do produto brasileiro bateram recordes em março representando uma alta de 342%, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). No mês passado, segundo o órgão, foram embarcadas 3.770 toneladas de ovos para o exterior, contra 853 toneladas no mesmo período de 2024. Os dados incluem produtos in natura e processados. Um dos principais mercado foram os Estados Unidos.
Na berlinda
O deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) teve o pedido de cassação por quebra de decoro parlamentar aprovado pela Comissão de Ética da Câmara dos Deputados e agora está nas mãos do plenário decidir pela efetivação ou não da perda do mandato. O deputado é acusado de expulsar da Câmara, com empurrões e chutes, o integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Costenaro, ano passado. Glauber se defende de que sua mãe foi bastante ofendida pelo opositor. A mesa diretora da casa ainda não decidiu quando a cassação será votada, mas o deputado já começou a usar de todas as estratégias para impedir a cassação, como greve de fome e dormir no chão da casa legislativa, como fez esta noite.
Porte de arma
Vai ser analisado na Comissão de Segurança Pública do Senado o projeto de lei 3.272/24, que autoriza o porte temporário de arma para mulheres sob medida protetiva de urgência. A proposta foi ontem (9) na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) da casa, com voto favorável do relator, o senador Magno Malta (PL-ES). O projeto é de autoria da ex-senadora Rosana Martinelli (MT) e permite a aquisição, a posse e o porte de armas de fogo para mulheres a partir de 18 anos sob medida protetiva de urgência. Nos demais casos, a idade mínima permanece 25 anos.
Reeleição
Dentro do projeto que unifica o Código Eleitoral do país tem uma proposta delicada e polêmica, que encontra divergências no Senado: o fim da reeleição de mandatos executivos no país e a unificação destes: prefeitos, governadores e presidentes para um período de 5 anos. Se aprovada, essa seria uma grande mudança no sistema Executivo do país e, talvez acabasse com a sangria pelo poder e quase uma obrigação de um gestor ter dois mandatos consecutivos neste país. Vamos ver!
