Cenário crítico
Em dez dias, a partir de 1º de agosto, passa a valer a mega tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros exportados para aquele país. O que vai acontecer? O cenário se mostra sombrio, com uma reação brasileira ainda não muito clara e com um fechamento estratégico do presidente americano frente às tentativas do Brasil para fazer valer as suas condicionantes, que são políticas.
Crise generalizada
Donald Trump está promovendo, dos Estados Unidos, uma crise generalizada no Brasil, tanto do ponto de vista econômico quanto político, ao acirrar uma polaridade que está desmantelando qualquer dignidade brasileira e levando o país à beira de um precipício. Os atores envolvidos deveriam estar mais preocupados com a soberania verdadeira do país e não aproveitar a situação para criar fatos políticos e ensaios de anarquia institucional.
Embargo
Para o especialista em relações internacionais e professor visitante da Universidade da China, Marcus Vinícius de Freitas, a mega tarifa de Trump ao Brasil é um embargo disfarçado, pois inviabiliza economicamente o comércio. Na sua avaliação, a reação dos agentes brasileiros tem que ser firme, inteligente e com visão estratégica.
Estratégia PSC
Diante desse cenário, ele propõe a Estratégia PSC: Pressionar, Sancionar e Comercializar. E como seria isso? “O país precisa sair da solidão estratégica e unir sua voz à de outros Estados que vêm sendo alvo destas sanções: China, México, Venezuela, África do Sul, Japão, Coreia do Sul e até mesmo aliados europeus afetados por medidas extraterritoriais”, disse à Coluna. Ele ressaltou que a iniciativa não é bélica, mas uma demonstração de força e altivez do Brasil.
Reação
Segundo o especialista, essa aliança pode vocalizar, em fóruns multilaterais como a OMC, a UNCTAD e o G20, uma agenda de contestação legítima ao uso distorcido de tarifas como instrumentos de coerção geopolítica. Ele também defende que o Brasil acione o lobby político nos Estados Unidos nas empresas que poderão ser afetadas por estas medidas extremas. “O Brasil não pode assistir passivamente à tentativa de ser colocado como um vassalo.”
Novos mercados
O especialista cita como exemplo de expansão comercial um corredor empresarial São Paulo–Xangai, para que o Brasil possa promover uma aproximação econômica mais vigorosa entre o Brasil e a Ásia. Em sua visão, esta crise deveria ser um catalisador de mudança de rota, mas que exige coragem para rever estruturas antigas.
Prisão iminente
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está na iminência de ser preso pela Polícia Federal. Ontem (21), ele descumpriu determinações impostas pelo relator do inquérito a que responde, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, e sua defesa tem até o final do dia de hoje (22) para se manifestar a respeito. Após reunião com aliados, na Câmara, ontem à tarde, Bolsonaro acabou parando em frente às câmeras de televisão e de celulares, mostrou sua tornozeleira eletrônica e concedeu uma rápida declaração à imprensa. Entrevistas estão entre as medidas restritivas sob pena de prisão imediata.
Front
Bolsonaristas e aliados aprovaram uma agenda para o segundo semestre no Congresso Nacional, em favor do ex-presidente. Pressionar pela aprovação na anistia aos presos do 8 de janeiro na Câmara dos Deputados e levar adiante um eventual processo de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, no Senado. A pauta foi definida ontem (21) após reunião entre congressistas do PL e de partidos aliados com a presença de Bolsonaro.
Novas sanções
Em novo despacho de Moraes no inquérito que envolve o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o ministro determinou o bloqueio de todos os bens móveis e imóveis do parlamentar, assim como as contas e a chave Pix. O deputado está impedido de receber ou enviar dinheiro. Além disso, o salário da Câmara dos Deputados ficará retido na conta.
Divergente
O ministro Luiz Fux, membro da Primeira Turma do STF e o que faltava para votar sobre as medidas restritivas determinadas a Bolsonaro por Moraes, votou contrário, divergindo dos demais membros do colegiado. O placar ficou em 4 a 1 pela manutenção da tornozeleira eletrônica e demais restrições. Além de Moraes, votaram a favor os ministros Cármem Lúcia, Cristiano Zanin e Flávio Dino.