Com um saldo de quase 100 embarcações, entre balsas e dragas, destruídas pela Polícia Federal nos municípios de Humaitá e Manicoré, ambos na calha do Madeira no Amazonas, no início desta semana, a população local denuncia arbitrariedades e excessos da ação policial.
A ação faz parte da Operação Boiúna que combate o garimpo ilegal na região e também no estado de Rondônia. Denúncias de violações de direitos humanos nestes municípios chegaram ao Congresso Nacional. O Senado prepara uma viagem de um grupo de senadores da Comissão de Direitos Humanos à região para averiguar os fatos.
Na Câmara dos Deputados, o decano da casa, Átila Lins (PSD-AM), leu na tribuna uma nota de protesto pelos acontecimentos nos dois municípios. Segundo ele, a população de Manicoré, por exemplo, ficou revoltada pelo fato da ação policial ter ocorrido num dia em que era um feriado religioso, em que a cidade estava toda envolvida em procissões e orações à Nossa Senhora das Dores, padroeira do município.
“Reconhecemos o papel das instituições e a necessidade que a lei seja cumprida, no entanto, não podemos aceitar que trabalhadores sejam tratados como criminosos sem distinção e ter seu patrimônio destruído de forma sumária, sem direito a defesa e alternativas apresentadas para garantir a sobrevivência de suas famílias”, disse o deputado, na tribuna da Câmara.
De acordo com Átila Lins, muitos dos moradores destes municípios têm no garimpo a principal fonte de renda e ação da PF acabou sendo muito brusca com a destruição de bens materiais indiscriminados.
“O que se presenciou foi um ato que fere, não apenas a dignidade daqueles que dependem do seu trabalho, mas também a própria harmonia da cidade, ferida em sua fé e história”, diz trecho da nota lida pelo parlamentar.
Investigação
No Senado, Plínio Valério (PSDB-AM) pediu uma diligência da Comissão de Direitos Humanos (CDH) a Humaitá e Manicoré para investigar denúncias de violações de direitos durante que receberam de moradores de ambas as cidades.
“Os ataques, além de acarretaram graves prejuízos materiais, configuraram sérios danos ambientais. Milhares de litros de combustíveis foram despejados no rio Madeira, além da poluição pelo ar pela fumaça e no leito do rio, com a madeira, alumínio e ferro”, disse o senador.
Presidente da CDH, a senadora Damares Alves (Republicanos-PB), questiona a conduta dos policiais. “Nesse exato momento estava havendo uma festa religiosa na cidade. A gente sabe que o garimpo ilegal te que ser enfrentando, mas faltou tato e delicadeza da PF com a população”, disse.
A data da viagem ainda será definida.
Com informações da Agência Senado

