sábado, abril 19, 2025

Os dois meses mais desafiantes da gestão Hugo Motta

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Interesses

Já não bastasse ter que administrar a pressão da oposição para pautar a votação em plenário do projeto de lei da anistia, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), agora tem outro pepino nas mãos: a estadia e a greve de fome do deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) na Câmara, que teve o pedido de perda do mandato aprovado pela Comissão de Ética na casa. O parlamentar tenta, por meio dessa tática, reverter a sua iminente cassação por quebra do decoro quando o caso chegar ao plenário legislativo.

Não vai recuar

Glauber Braga tem transmitido aos seus interlocutores que vai manter a estratégia e tem enviado aliados para pedir apoio do Palácio do Planalto para intervir em seu favor. Ele denuncia que está sendo alvo de perseguição política e cita, nominalmente, o ex-presidente da casa, o deputado Arthur Lira (PP-AL), como principal algoz. O caso Glauber é mais um do rol de conflitos que Hugo Motta terá que gerenciar em sua tenra gestão à frente do Parlamento.

Novela

A Câmara terá sessões plenárias nesta semana, a partir desta segunda-feira (14) até quarta-feira (16), com projetos relevantes na pauta, mas o que vai dominar mesmo os bastidores, o plenário e as comissões são a bandeira dos bolsonaristas em favor do PL da Anistia. O líder do Partido Liberal na casa, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), afirma que já conseguiu as assinaturas necessárias para protocolar o requerimento em que pede a tramitação da matéria em regime de urgência. E é justamente essa arma que vai usar para reforçar a pressão sob Motta.

Fora do ar

Enquanto isso, segundo o site do Senado Federal, esta semana não será realizada sessões plenárias na casa, apenas a reunião de duas comissões técnicas: a de Direitos Humanos e Legislação Participativa, hoje (14), e a de Segurança Pública, amanhã (15). Ambas estão agendadas para o horário da manhã.

Fôlego

A defesa sobre o PL da Anistia ganhou um novo ingrediente neste final de semana: a cirurgia de emergência a que foi submetida o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ontem (13) em Brasília, após passar mal na sexta-feira (11) com fortes dores abdominais, no interior do Rio Grande do Norte. E o que tem a ver as duas coisas? Antes de entrar no centro cirúrgico, Bolsonaro distribuiu uma mensagem via aplicativo de conversa em que pede apoio aos congressistas pela anistia, principalmente àqueles que se posicionam contra o perdão aos condenados no vandalismo do 8 de janeiro de 2023.

Querer não é poder

Resta saber se o apelo fez ou fará efeito entre os parlamentares. A oposição afirma que conseguiu 257 assinaturas que pressionam por uma votação urgente no plenário e, o que poderá garantir uma eventual aprovação da matéria. Ainda não combinaram com Hugo Motta. Também estão desconsiderando a queda moral que a Câmara poderá enfrentar junto a opinião pública, ainda mais a um ano das eleições gerais. Será se os deputados que assinaram o pedido vão sustentar seus votos em plenário?!

Negócio em xeque

O interesse do BRB, o Banco Regional de Brasília, em comprar 58% do capital total do Banco Master, não vai passar em branco pelas autoridades monetária e de fiscalização. A negociação está sendo analisada pelo Banco Central e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), além de ser alvo de uma investigação instaurada na semana passada pelo Ministério Público Federal (MPF) e outra, já em curso, no Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT).

Transação arriscada

Entre investidores e economistas, a transação é vista como arriscada e até taxada de “negociata” pelos mais críticos. Para o economista José Luís Oreiro, há interesses políticos nesta negociação. Para o deputado distrital Chico Vigilante (PT), uma empreitada como essa deveria passar por discussão, debate e acompanhamento direto por parte da Câmara Legislativa do Distrito Federal. O fato é que tem muito a se explicar sobre essa compra bilionária, que pode custar ao BRB uma cifra entre R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões.

Segundo mandato

Integrantes da direita no Brasil comemoraram em suas redes sociais a reeleição do presidente Daniel Noboa, no Equador, após eleições ontem (13) naquele país. O candidato da direita equatoriana derrotou a candidata da esquerda, Luisa González, com quase 56% dos votos válidos. A disputa entre os dois foi bastante acirrada durante a campanha eleitoral e, diante deste resultado, a adversária já tornou público que vai pedir a recontagem dos votos, pois afirma que foi vítima de uma “fraude eleitoral”.

Valéria Costa
Valéria Costa
Jornalista, com 25 anos de profissão. Já atuou em veículos de comunicação em Manaus (AM) e Brasília (DF), na cobertura dos principais assuntos nas diversas editorias do jornalismo, com ênfase em política e opinião.

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