terça-feira, maio 13, 2025

Pressionados, Lula, Alcolumbre e Hugo Motta ganham tempo no exterior

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Panela de pressão

Os presidentes Lula (República), Davi Alcolumbre (Senado) e Hugo Motta (Câmara dos Deputados) estão cumprindo mais uma viagem oficial ao exterior esta semana, num momento em que a tensão política explode no Brasil e a pressão da oposição ganha novos contornos: PL da Anistia, CPMI do INSS, defesa para livrar o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) de ação penal, o fantasma da corrupção, o embate político entre o lulismo e o bolsonarismo e números da violência cada vez mais expressivos no país.

Tem que enfrentar

Cedo ou tarde, estes Poderes terão que enfrentar e resolver estes e outros problemas sob pena de serem engolidos pelos acontecimentos e terem suas autoridades colocadas em xeque. O escândalo do INSS é bastante grave e, se iniciou no governo Bolsonaro e se manteve no governo Lula somente uma investigação mais rigorosa é quem vai revelar. A guerra de narrativas não faz bem para esse país e só alimenta mais ainda uma polarização decadente que atrasa o desenvolvimento em todas as suas esferas.

Vontade política

Davi Alcolumbre (União-AP), que preside o Congresso Nacional, vai ter a responsabilidade de admitir o requerimento que solicita a instalação da CPMI do INSS ou do “Roubo dos Aposentados”, como está sendo classificada, fazer a leitura e ordenar a sua instalação durante a próxima sessão do colegiado, no dia 27 deste mês. Mas, aí é que está: entre querer e poder há um grande caminho a ser percorrido. Nos bastidores, governistas e aliados acreditam que a investigação não irá prosperar. Mas o custo político disso pode ser muito alto num ano pré-eleitoral, tanto se ela for instalada quanto se for arquivada.

Guerra de narrativas

A tropa de choque do Palácio do Planalto tenta administrar o escândalo sob o ponto de vista que a fraude iniciou no governo Bolsonaro. Os bolsonaristas, por sua vez, querem surfar no fato para potencializar a rixa política e disseminar a prática de corrupção patrocinada pelo PT. Um dos que já está fazendo isso é o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), o que gerou uma ação judicial impetrada pelo PT mineiro contra o gestor. O deputado Rogério Correia (PT-MG) enviou vídeo à Coluna contestando as declarações de Zema e afirmando que ele está sendo processado por calúnia, difamação, mentira, fake news e má-fé.

Tensão com o STF

O Poder Judiciário também não está fora desse contexto que o país atravessa. Pelo contrário, a tensão entre o Supremo Tribunal Federal e o Poder Legislativo que estava paralisada nos últimos meses deve retornar com novo ingrediente: a Câmara dos Deputados deve contestar a decisão da Primeira Turma do STF que derrubou, em julgamento virtual, a decisão da casa legislativa em suspender a ação penal em que o deputado federal Alexandre Ramagem é réu. Nos Estados Unidos, Hugo Motta adiantou que a assessoria jurídica da Câmara está estudando o assunto e frisou que a medida da casa foi respaldada por mais de 300 deputados.

Violência que assusta

O Fórum de Segurança Pública divulgou ontem (12) os números do Atlas da Violência da série histórica entre as décadas de 2013 e 2023 e os dados chamam a atenção, embora a taxa de homicídio tenha sido a menor em 11 anos. O documento revela o crescimento de assassinatos de crianças de 0 a 4 anos de idade, totalizando 2.124 na década estudada. Também foram mortos 6.480 crianças e adolescentes entre 5 e 14 anos e, 90.399, entre 15 e 19 anos de idade. Mais da metade foram mortas por armas de fogo. É estarrecedor.

Silêncio

A Coluna procurou os presidentes das Comissões de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, Paulo Bilynskyj (PL-SP), e do Senado, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), para comentar os números do Atlas da Violência, mas até a publicação deste material não havia obtido retorno. O espaço está aberto.

Valéria Costa
Valéria Costa
Jornalista, com 25 anos de profissão. Já atuou em veículos de comunicação em Manaus (AM) e Brasília (DF), na cobertura dos principais assuntos nas diversas editorias do jornalismo, com ênfase em política e opinião.

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