sábado, outubro 25, 2025

Qual é o conceito de pacificação para quem estica a corda?

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Desespero

Ao comemorar novas sanções americanas impostas, ontem, a autoridades brasileiras, e antecipar que a situação pode ficar ainda pior, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) demonstra o desespero que lhe aflige sobre um futuro próximo e as consequências que seus atos devem produzir em sua própria família. A curva já foi feita e retroceder não está nos planos de ninguém.

‘Intocável’

Há 7 meses em solo americano encabeçando uma série de ações e intermediando, junto ao presidente Donald Trump, medidas que prejudicam o Brasil em todos os setores, o parlamentar só tem um objetivo: livrar a sua pele e a de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nos Estados Unidos, ele se sente impune. Mas, para as autoridades brasileiras, não.

Cerco se fecha

Na iminência de ter o mandato cassado, o parlamentar acabou de sofrer mais uma derrota. O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), indeferiu a indicação da liderança do PL na casa em nomear Eduardo Bolsonaro líder da minoria – no lugar da deputada Carol de Toni (PL-SC) – de forma salvar seu mandato e favorecer o exercício parlamentar de forma remota.

Mais processos

Além disso, a Comissão de Ética da Câmara deve começar a analisar, a partir de hoje (23), a abertura de processo de quebra de decoro parlamentar contra Eduardo. Há na comissão quatro pedidos que pedem a cassação do parlamentar. A Procuradoria-Geral da República também denunciou o deputado, junto com o blogueiro Paulo Figueiredo, por coação no curso do processo devido à sua atuação fora do país para obstruir processo judicial em curso no Supremo Tribunal Federal (STF).

Sanções

O governo norte-americano anunciou uma nova lista de autoridades brasileiras que entraram no radar de Donald Trump, como o advogado-geral da União, Jorge Messias, que teve o visto revogado, e a mulher do ministro Alexandre de Moraes, a advogada Viviane Barci de Moraes, que foi inserida na Lei Magnitsky e também a empresa do casal, a Lex, Instituto de Estudos Jurídicos.

Agressão

Em nota, o Itamaraty classificou a ação dos Estados Unidos como uma nova tentativa de ingerência indevida em assuntos internos brasileiros, além de uma ofensa aos 201 anos de amizade entre os dois países e também a politização e o desvirtuamento na aplicação da lei. “Esse novo ataque à soberania brasileira não logrará seu objetivo de beneficiar aqueles que lideraram a tentativa frustrada de golpe de Estado, alguns dos quais já foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal. O Brasil não se curvará a mais essa agressão.”

Calúnia

Indignado com as declarações norte-americanas, o ex-deputado federal Roberto Freire (Cidadania-PE) respondeu, em inglês, ao post do secretário de Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, rebatendo ao que chamou de uma comparação caluniosa entre o ministro Alexandre de Moraes e sua mulher ao casal de criminosos Bonnie e Clyde. “Inadmíssivel tal ultrajante expressão ser proferida por um secretário de Tesouro dos USA. Ela seria própria de um marginal .”

Fôlego

Após os atos populares contra a PEC da Blindagem e o projeto da anistia, Hugo Motta se manifestou, ontem, e afirmou que essas manifestações “demonstram que a democracia no país está viva e que a população está nas ruas defendendo aquilo que acredita”. Mas uma expressão usada chamou a atenção, quando ele disse que é preciso tirar as “pautas tóxicas” da agenda legislativa para que o país possa olhar para a frente.

Qual melhor nome?

Os bolsonaristas querem a anistia total, o Centrão fala em rever a dosimetria das penas aos condenados do 8 de janeiro de 2023. Mas, aí vem o ex-presidente Michel Temer e lançar um novo termo: redosagem das penas. Ao final das contas, muitas palavras, termos, falas, arranjos que desemboca no mesmo objetivo: aliviar a penalidade para quem ameaçou a democracia literalmente com a vandalização de órgãos públicos num plano que mirava um golpe de estado.

Valéria Costa
Valéria Costa
Jornalista, com 25 anos de profissão. Já atuou em veículos de comunicação em Manaus (AM) e Brasília (DF), na cobertura dos principais assuntos nas diversas editorias do jornalismo, com ênfase em política e opinião.

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