Desespero
Ao comemorar novas sanções americanas impostas, ontem, a autoridades brasileiras, e antecipar que a situação pode ficar ainda pior, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) demonstra o desespero que lhe aflige sobre um futuro próximo e as consequências que seus atos devem produzir em sua própria família. A curva já foi feita e retroceder não está nos planos de ninguém.
‘Intocável’
Há 7 meses em solo americano encabeçando uma série de ações e intermediando, junto ao presidente Donald Trump, medidas que prejudicam o Brasil em todos os setores, o parlamentar só tem um objetivo: livrar a sua pele e a de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nos Estados Unidos, ele se sente impune. Mas, para as autoridades brasileiras, não.
Cerco se fecha
Na iminência de ter o mandato cassado, o parlamentar acabou de sofrer mais uma derrota. O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), indeferiu a indicação da liderança do PL na casa em nomear Eduardo Bolsonaro líder da minoria – no lugar da deputada Carol de Toni (PL-SC) – de forma salvar seu mandato e favorecer o exercício parlamentar de forma remota.
Mais processos
Além disso, a Comissão de Ética da Câmara deve começar a analisar, a partir de hoje (23), a abertura de processo de quebra de decoro parlamentar contra Eduardo. Há na comissão quatro pedidos que pedem a cassação do parlamentar. A Procuradoria-Geral da República também denunciou o deputado, junto com o blogueiro Paulo Figueiredo, por coação no curso do processo devido à sua atuação fora do país para obstruir processo judicial em curso no Supremo Tribunal Federal (STF).
Sanções
O governo norte-americano anunciou uma nova lista de autoridades brasileiras que entraram no radar de Donald Trump, como o advogado-geral da União, Jorge Messias, que teve o visto revogado, e a mulher do ministro Alexandre de Moraes, a advogada Viviane Barci de Moraes, que foi inserida na Lei Magnitsky e também a empresa do casal, a Lex, Instituto de Estudos Jurídicos.
Agressão
Em nota, o Itamaraty classificou a ação dos Estados Unidos como uma nova tentativa de ingerência indevida em assuntos internos brasileiros, além de uma ofensa aos 201 anos de amizade entre os dois países e também a politização e o desvirtuamento na aplicação da lei. “Esse novo ataque à soberania brasileira não logrará seu objetivo de beneficiar aqueles que lideraram a tentativa frustrada de golpe de Estado, alguns dos quais já foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal. O Brasil não se curvará a mais essa agressão.”
Calúnia
Indignado com as declarações norte-americanas, o ex-deputado federal Roberto Freire (Cidadania-PE) respondeu, em inglês, ao post do secretário de Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, rebatendo ao que chamou de uma comparação caluniosa entre o ministro Alexandre de Moraes e sua mulher ao casal de criminosos Bonnie e Clyde. “Inadmíssivel tal ultrajante expressão ser proferida por um secretário de Tesouro dos USA. Ela seria própria de um marginal .”
Fôlego
Após os atos populares contra a PEC da Blindagem e o projeto da anistia, Hugo Motta se manifestou, ontem, e afirmou que essas manifestações “demonstram que a democracia no país está viva e que a população está nas ruas defendendo aquilo que acredita”. Mas uma expressão usada chamou a atenção, quando ele disse que é preciso tirar as “pautas tóxicas” da agenda legislativa para que o país possa olhar para a frente.
Qual melhor nome?
Os bolsonaristas querem a anistia total, o Centrão fala em rever a dosimetria das penas aos condenados do 8 de janeiro de 2023. Mas, aí vem o ex-presidente Michel Temer e lançar um novo termo: redosagem das penas. Ao final das contas, muitas palavras, termos, falas, arranjos que desemboca no mesmo objetivo: aliviar a penalidade para quem ameaçou a democracia literalmente com a vandalização de órgãos públicos num plano que mirava um golpe de estado.

