sexta-feira, outubro 24, 2025

Senado se adianta e aprova isenção do IR para faixa até R$ 5 mil

Proposta do senador Eduardo Braga (MDB-AM) tramitava desde 2019 e tem semelhanças com projeto do Executivo, que aguarda votação na Câmara

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Em votação terminativa, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta quarta-feira (24) o projeto de lei nº 1.952/2019, do senador Eduardo Braga (MDB-AM), em que amplia a isenção do imposto de renda para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil. A matéria segue para tramitação na Câmara dos Deputados.

À primeira vista, a proposta se mostra semelhante à enviada pelo Palácio do Planalto no primeiro semestre deste ano à Câmara dos Deputados, o PL 1087/25, e que está com a votação atrasada naquela casa, prevista para acontecer na próxima quarta-feira, 1º de outubro.

Mas, embora tenham a mesma tônica, o relator da matéria no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), inseriu particularidades em seu relatório que, segundo ele, garante a justiça tributária e social aos trabalhadores que serão beneficiados. A meta é que essa isenção comece a vigorar já no próximo ano.

Um dos destaques do substitutivo de Renan é a criação de um programa de regularização de dívidas tributárias para contribuintes de baixa renda, uma espécie de refis. Além disso, reduz parcialmente o imposto de quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7.350, de forma proporcional: redução maior para quem se aproxima do valor mínimo, e decrescente à medida que a renda aumenta. Hoje, é isento da cobrança do tributo quem ganha até dois salários mínimos — R$ 3.036 por mês, no valor atual.

‘Imposto sobre o salário’

Eduardo Braga comemorou a aprovação e ressaltou que essa matéria não começou a tramitar ontem no Senado, mas desde 2019. A intenção, defendeu, é fazer uma correção sobre o imposto de renda porque, segundo ele, o tributo acabou se tornando num imposto sobre salário penalizando, principalmente, os baixos salários.

“Portanto, ele tem uma uma certa similitude, mas ele não é semelhante. Ele também tem um papel de fazer com que o Parlamento se mova imobilismo que havia em torno de uma matéria que é tão importante para milhões de trabalhadores brasileiros”, acrescentou o senador.

Força do Senado

Sem citar nomes, Renan Calheiros criticou a falta de empenho da Câmara dos Deputados, que arrasta a votação do PL 1087/25 há semanas e também uma ameaça da oposição e Centrão em só avançar a discussão da matéria atrelada a condicionantes, como a PEC da Blindagem, aprovada com grande maioria na semana passada naquela casa, e a proposta de anistia.

Ao Viés Político, o senador ressaltou que a iniciativa do Senado “demonstra apoio à proposta que foi mandada pelo presidente da República e que, segundo ele, tem uma tramitação atípica na Câmara dos Deputados.

“O que nós estamos querendo é demonstrar, inequivocamente, o apoio do Senado Federal à proposta do Presidente da República, rechaçando qualquer tentativa da Câmara de desvirtuar o projeto”, alfinetou. Na Câmara, o projeto de lei tem como relator o ex-presidente da casa, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), adversário político de Calheiros.

Votação na Câmara

O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), marcou para a próxima quarta-feira, 1º de outubro, a votação em plenário do relatório de Arthur Lira. Se aprovado, vai para análise do Senado. Mas, o que acontece com a tramitação de dois projetos que são praticamente semelhantes em sua gênese?

Segundo Calheiros, tanto a Câmara pode apensar o projeto aprovado pelo Senado quanto vice-versa. Isso vai depender da vontade política de ambas as casas legislativas.

Otimistas

A base do governo está confiante que a matéria passe com êxito no plenário da Câmara, já que há uma articulação nos bastidores com esse intuito e pelo apelo social e tributário que a proposta tem.

“Esse projeto é importante e mexe com a vida do povo. É mais dinheiro no bolso das pessoas. Tenho certeza que passará”, disse à reportagem o deputado federal Alencar Santana (PT-SP).

O parlamentar descartou qualquer espécie de condicionante para votar a proposta e afirmou que o governo não vai negociar essa votação com a votação de outras pautas, como a anistia. “O projeto de imposto de renda é um projeto do país, para o povo, para os trabalhadores. Não cabe nenhum tipo de negociação. Quem votar contra vai ter que prestar conta ao seu eleitor”, finalizou.

Valéria Costa
Valéria Costa
Jornalista, com 25 anos de profissão. Já atuou em veículos de comunicação em Manaus (AM) e Brasília (DF), na cobertura dos principais assuntos nas diversas editorias do jornalismo, com ênfase em política e opinião.

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