Antes de sair preso por falso testemunho na CPMI do INSS, o presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), Abraão Lincoln Ferreira, confirmou que a entidade que preside repassou recursos milionários à empresas ligadas à família do deputado federal Silas Câmara (Republicanos-AM) e, também à familiares do deputado e ao próprio parlamentar.
A “confissão” aconteceu após ser questionado pelo relator da comissão, o deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL), que apresentou slides com todo o organograma dos repasses financeiros da entidade, que é uma das acusadas de desvios do dinheiro dos aposentados e pensionistas do INSS, à familiares e empresas ligadas ao deputado do Amazonas.
De acordo com a investigação da CPMI, a CBPA repassou R$ 1,9 milhão à empresa Network Serviços de Comunicação, que por sua vez repassou valores a quatro pessoas da família Câmara: o pastor Jonatas Câmara, Heber Tavares Câmara, Milena Câmara e o deputado Silas Câmara. Juntos, a família Câmara recebeu cerca de R$ 300 mil.
Os recursos enviados a Jonatas Câmara, uma quantia de R$ 11 mil teria tido como principal beneficiária a Fundação Boas Novas, que tem sede em Manaus (AM) e presidida pelo pastor.
“Ela, meteu aqui 11.000 (reais) para a Fundação Boas Novas. Vamos para cá mais um pouquinho. A Fundação Boas Novas é de Jonatas Câmara. O senhor conhece Jonatas Câmara?”, questionou o relator ao depoente que, prontamente confirmou.
Abraão Lincoln Ferreira também confirmou conhecer os outros membros da família Câmara e que, inclusive, Milena Câmara foi advogada da confederação – que é investigada por participar das fraudes.
Alfredo Gaspar afirmou que toda a família Câmara “terminou recebendo recursos da CBPA por meio de algumas empresas que levantam muita suspeita”.
“Aí pergunta: ‘Alfredo, por que isso?’ Porque eu não posso ser covarde ao ponto de não trazer ao colegiado as descobertas feitas pela equipe técnica”, frisou o relator.
O Viés Político procurou o deputado Silas Câmara e o questionou sobre as declarações do dirigente, mas ele não se manifestou até a publicação desta matéria. O espaço está aberto.

Abraão Lincoln Ferreira chegou ao depoimento amparado por um habeas corpus e respondeu apenas a alguns questionamentos. Mas, acabou sendo preso em flagrante, a pedido do relator, porque, segundo ele, o dirigente mentiu sobre o motivo de sua saída da direção da Confederação Nacional dos Pescadores e Aquicultores (CNPA).
Lincoln declarara que tinha renunciado ao cargo, quando na verdade tinha sido afastado como medida cautelar — e “negou por meio do silêncio” conhecer Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, mas admitiu o vínculo ao responder a outras perguntas.

