sábado, novembro 22, 2025

Silas Câmara é citado em depoimento na CPMI do INSS; deputado silencia

Deputado e familiares teriam recebido repasses em torno de R$ 300 mil da CBPA, que é investigada. Procurado, ele não se manifestou

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Antes de sair preso por falso testemunho na CPMI do INSS, o presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), Abraão Lincoln Ferreira, confirmou que a entidade que preside repassou recursos milionários à empresas ligadas à família do deputado federal Silas Câmara (Republicanos-AM) e, também à familiares do deputado e ao próprio parlamentar.

A “confissão” aconteceu após ser questionado pelo relator da comissão, o deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL), que apresentou slides com todo o organograma dos repasses financeiros da entidade, que é uma das acusadas de desvios do dinheiro dos aposentados e pensionistas do INSS, à familiares e empresas ligadas ao deputado do Amazonas.

De acordo com a investigação da CPMI, a CBPA repassou R$ 1,9 milhão à empresa Network Serviços de Comunicação, que por sua vez repassou valores a quatro pessoas da família Câmara: o pastor Jonatas Câmara, Heber Tavares Câmara, Milena Câmara e o deputado Silas Câmara. Juntos, a família Câmara recebeu cerca de R$ 300 mil.

Os recursos enviados a Jonatas Câmara, uma quantia de R$ 11 mil teria tido como principal beneficiária a Fundação Boas Novas, que tem sede em Manaus (AM) e presidida pelo pastor.

“Ela, meteu aqui 11.000 (reais) para a Fundação Boas Novas. Vamos para cá mais um pouquinho. A Fundação Boas Novas é de Jonatas Câmara. O senhor conhece Jonatas Câmara?”, questionou o relator ao depoente que, prontamente confirmou.

Abraão Lincoln Ferreira também confirmou conhecer os outros membros da família Câmara e que, inclusive, Milena Câmara foi advogada da confederação – que é investigada por participar das fraudes.

Alfredo Gaspar afirmou que toda a família Câmara “terminou recebendo recursos da CBPA por meio de algumas empresas que levantam muita suspeita”.

“Aí pergunta: ‘Alfredo, por que isso?’ Porque eu não posso ser covarde ao ponto de não trazer ao colegiado as descobertas feitas pela equipe técnica”, frisou o relator.

O Viés Político procurou o deputado Silas Câmara e o questionou sobre as declarações do dirigente, mas ele não se manifestou até a publicação desta matéria. O espaço está aberto.

Presidente da CBPA, Abraão Lincoln, deixa a sala da CPMI escoltado pela Polícia do Senado após receber voz de prisão. (Foto: Carlos Moura/Agência Senado)

Abraão Lincoln Ferreira chegou ao depoimento amparado por um habeas corpus e respondeu apenas a alguns questionamentos. Mas, acabou sendo preso em flagrante, a pedido do relator, porque, segundo ele, o dirigente mentiu sobre o motivo de sua saída da direção da Confederação Nacional dos Pescadores e Aquicultores (CNPA).

Lincoln declarara que tinha renunciado ao cargo, quando na verdade tinha sido afastado como medida cautelar — e “negou por meio do silêncio” conhecer Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, mas admitiu o vínculo ao responder a outras perguntas.

Valéria Costa
Valéria Costa
Jornalista, com 25 anos de profissão. Já atuou em veículos de comunicação em Manaus (AM) e Brasília (DF), na cobertura dos principais assuntos nas diversas editorias do jornalismo, com ênfase em política e opinião.

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