Núcleo político
Três meses após o início dos trabalhos no Congresso Nacional, a CPMI do INSS entra numa nova fase: a investigação do primeiro escalão do esquema de corrupção que se instalou há anos no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e que parece ter se tornado algo “normal” no órgão público, sob as vistas grossas das autoridades. A investigação de políticos e personalidades envolvidas em fraudes e desvios no INSS, no entanto, não será algo inédito. Basta vasculhar e estudar um pouco a história política do país.
No embalo
A nova fase coincide com a etapa mais recente da Operação Sem Desconto da Polícia Federal e CGU, realizada ontem (13) e que mirou o núcleo político do esquema de corrupção. Alessandro Stefanutto, ex-diretor do INSS e que estava no cargo até abril deste ano foi preso. O ex-ministro da Previdência do governo Bolsonaro, Ahmed Mohamad Oliveira, e o deputado federal Euclydes Pertersen (Republicanos-MG), também são alvos da investigação.
Ilustre desconhecido
Até ontem, o deputado federal Euclydes Pertersen. do mesmo partido do presidente da Câmara, Hugo Motta (PB), e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e ainda com a mesma base eleitoral mineira do presidente da CPMI, o senador Carlos Viana, do Podemos, era conhecido de apenas uma pequena parcela da população. E mais um na multidão dos 513 deputados federais amontoados no plenário da Câmara e dispersos em seus gabinetes. Até ontem.
Propina milionária
Qual é a influência que o deputado federal Euclydes Pertersen possui dentro do INSS para favorecer um esquema de corrupção desta robustez e ser um “próspero” beneficiário do roubo aos aposentados e pensionistas? As investigações da PF apontam que o parlamentar teria recebido um total de R$ 14,7 milhões em repasses ligados ao esquema de desvios da Conafer, uma das associações investigadas na Operação Sem Desconto e também da CPMI do INSS.
O discurso de sempre
Identificado nas planilhas internas do esquema como “Herói E”, Pertersen distribuiu nota à imprensa afirmando que não teme as investigações e que está à disposição das autoridades para esclarecimentos. Ele afirma, ainda, que acredita na Justiça. O nome do parlamentar foi citado em alguns depoimentos que já passaram pela CPMI do INSS e também foi identificado nas investigações da PF com a CGU. Ou seja, onde há fumaça, há fogo.
Espelho
O fato é que tanto o resultado da CPMI do INSS quanto da CPI do Crime Organizado, em curso no Parlamento federal pode atuar diretamente no contexto eleitoral de 2026 e, a depender de como os fatos caminharem, serão usadas à exaustão, tanto por governistas quanto oposição e até mesmo pelos que se definem de Centro ou neutros.
Cenário pré-eleitoral
E por falar em eleições 2026, pesquisa Genial/Quaest revela que a maioria dos entrevistados opinam que nem Lula (59%) nem Bolsonaro (67%) deveriam disputar as eleições presidenciais do próximo ano, o que abre espaço e terreno confortável para um nome de uma terceira via. Opção, inclusive, que já está sendo trabalhada nos bastidores pré-eleitoral, vide o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), e até mesmo o ex-presidente Michel Temer (MDB).
Obstrução
Inicia nesta sexta-feira (14) o julgamento virtual na Primeira Turma do STF sobre a denúncia formalizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Ele é acusado de atuar nos Estados Unidos para tentar interferir no julgamento do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de tentativa de golpe de Estado. A análise do pedido vai até o dia 25 deste mês.
Expectativa
Com o término do julgamento virtual dos recursos da defesa de Jair Bolsonaro, que contestava a condenação do ex-presidente a 27 anos e 3 meses de prisão, e com a manutenção da penalidade pela Primeira Turma do Supremo, há um nervosismo e uma especulação nos bastidores para saber dia, hora e local em que Bolsonaro será preso e onde irá cumprir o regime fechado.

